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Economia

Acordos comerciais flexibilizam protecionismo, diz economista

Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil*
Publicado em 06/09/2019 - 12:15
Curitiba
Santa Fé - Argentina, Mercosul
© Isac Nóbrega/PR

Em meio ao crescente protecionismo pelo mundo, acordos de livre comércio entre blocos como o da União Europeia com o Mercado Comum do Sul (Mercosul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) garantem acesso a mercados, avaliou a economista franco-britânica Emily Rees, ex-adida da França no Brasil, no 7º Fórum de Agricultura da América do Sul - Da Produção ao Mercado – Global e Sustentável. 

O acordo entre União Europeia e Mercosul foi fechado em junho.“Em um mundo com protecionismo crescente, tem que buscar esses contratos de comércio entre os blocos. Isso assegura o acesso, a abertura de mercados que estão se fechando”, disse.

Para Emily Rees, o acordo de livre comércio dará impulso ao comércio exterior. Entretanto, ela destacou também as negociações, já avançadas, do Mercosul com Canadá, Cingapura e Coreia do Norte, além das expectativas de negociação com o Japão. A economista considera  “um avanço” a conclusão das negociações de acordo de livre comércio entre o Mercosul e o EFTA, bloco de países europeus formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.

Emily Rees lembrou que a União Europeia e o Mercosul representam 25% do Produto Interno Bruto (PIB) global. “São 773 milhões de pessoas com variedade de demandas e de produtos”, ressaltou. Outro aspecto destacado pela economista é que a União Europeia é um “mercado qualificador”. “O produto exportado para o Mercosul ‘ganha um selo de qualidade’ para exportar para o mundo inteiro, ou seja, abre outros mercados”, ressaltou.

A representante da Conselho Agropecuário da América do Sul (CAS), formado pelos ministros de Agricultura da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, Maria Noel Ackerman, afirmou que a União Europeia é um parceiro comercial estratégico. “A União Europeia é um dos principais demandantes de produtos de bens de base agrária – 18% das vendas de bens base agrária do Mercosul vão a esse destino. Há alto grau de complementariedade entre as regiões”.

O moderador do painel, coordenador-geral de Acesso a Mercados da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Gustavo Cupertino Domingues, destacou que o acordo vai ajudar a diversificar a pauta de exportações brasileiras, mas ponderou que deve estimular também as importações. “O acordo vai abrir uma frente muito importante de comércio, mas vai crescer muito em importação também”, disse.

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Guerra comercial

Ainda na apresentação do painel, Emily Rees, destacou que o protecionismo no mundo está crescente e vai além da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.

“95% do comércio internacional ocorre entre outros países [sem a participação de Estados Unidos e China]. Em 2018, três quartos das novas barreiras e distorções não tinha nada a ver com a guerra comercial”, disse no painel com o tema União Europeia e Mercosul – Produção sul-americana conectada com a Europa.

No fórum, que começou nessa quinta-feira (5), especialistas debateram sobre a guerra comercial e destacaram que ganhos do Brasil com ela são temporários, a exemplo do aumento das exportações da soja.

Para encontrar soluções para os conflitos comerciais, o diretor da Divisão Agrícola e de Commodities da Organização Mundial do Comércio (OMC), Edwini Kessie, defendeu nessa quinta-feira (5) a necessidade do fortalecimento da Organização, passando por sua reformulação. “Precisamos nos reinventar de uma forma mais pró-ativa, países estão assinando acordos bilaterais devido à frustração que eles têm com a OMC”, afirmou. Para Kessie, essa reformulação é essencial para que os sistemas multilaterais sejam mais efetivos.

* A repórter viajou a convite da organização do evento.