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Economia

Indústria nacional recua 0,6% em agosto

IBGE disse que, no Pará, queda foi de 6,2%
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 11/10/2022 - 11:03
Rio de Janeiro
Fábrica da AGE do Brasil em Vinhedo
© REUTERS/Amanda Perobelli/Direitos Reservados

O índice nacional da produção industrial teve retração de 0,6% em agosto. Houve quedas em sete dos 15 locais analisados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional. Segundo os resultados divulgados hoje (11), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Pará o recuo foi de 6,2%, em Santa Catarina, 4,8%, no Espírito Santo, 3,9%, na Bahia, 2,8%, Minas Gerais, 1,9%, no Paraná, 1,5%, e no Ceará, 0,8%.

O analista da PIM Regional, Bernardo Almeida, informou que, pelo lado da oferta, entre os fatores econômicos que explicam a queda, figuram o encarecimento das matérias primas e o desabastecimento de insumos em alguns setores, que influenciam diretamente a cadeia produtiva. Mas, pela demanda, pesaram o aumento dos juros encarecendo o crédito e diminuindo os investimentos na indústria nacional. 

A demanda foi impactada, também, pela inflação elevada. “Por mais que tenha desacelerado, ainda está em um patamar alto, o que reduz o poder de compra das famílias”, observou.

Almeida disse, ainda, que, mesmo com a diminuição do desemprego, a remuneração não é alta, o que também influencia os resultados das indústrias. “O rendimento médio está em um patamar baixo. O desemprego vem caindo, mas as ocupações são de baixo nível de remuneração. Isso impacta no consumo das famílias e gera impactos sobre a cadeia produtiva”, afirmou.

Influência

Pará e Santa Catarina foram os locais pesquisados que mais influenciaram no resultado nacional com as quedas registradas em agosto. O principal impacto negativo no mês ficou com o Pará, sendo o setor extrativo (minério de ferro) o principal responsável pelo resultado.

“Por ser mais concentrada nesse setor, uma pequena variação pode ter um impacto maior na indústria paraense, que teve o setor de alimentos em segundo lugar entre as influências negativas no estado. O Pará vem de dois meses com resultados positivos, com ganho acumulado de 15,2%”, revelou.

Já em Santa Catarina, que foi a segunda maior influência negativa no resultado nacional, a causa foi a queda na produção de borracha e material plástico, além do setor de máquinas, aparelhos e materiais elétricos. “Santa Catarina vem de quatro meses de resultados positivos, com ganho acumulado de 8,9%”, acrescentou.

Positivos

Em movimento contrário, Amazonas (7%) e Rio de Janeiro (3,3%) tiveram os principais resultados positivos. O Amazonas eliminou a perda de 4% acumulada em junho e julho, e o Rio de Janeiro intensificou a expansão de 1,3% verificada no último mês. Já Pernambuco ficou estável: (0%).

Ainda segundo o analista, o principal resultado em termos absolutos foi do Amazonas, a terceira influência positiva sobre o resultado nacional. O crescimento no estado ocorreu após dois meses de cenários negativos, quando houve perda acumulada de 4%.

“Os setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e óticos e outros equipamentos de transportes e bebidas tiveram mais peso no resultado do estado e são três segmentos com bastante influência dentro da indústria amazonense”, ponderou.

Com a alta em agosto, o Rio de Janeiro foi a segunda influência positiva sobre o resultado nacional. “Os setores de metalurgia, indústria farmacêutica e derivados de petróleo foram os que mais tiveram peso nesse crescimento da indústria do estado do Rio”, frisou.

A maior influência positiva sobre o resultado industrial nacional ficou com São Paulo, o maior parque industrial do país. Em agosto, o estado avançou 2,6% na comparação com julho, quando houve recuo de 0,4%.

Para o analista, o setor de veículos automotores teve uma reversão e, depois de influenciar negativamente a indústria paulista em julho, continuou tendo o maior peso em agosto, mas agora positivamente. “Este é um setor que vem apresentando cautela na sua produção e enfrentando adversidades de fatores econômicos, como o desabastecimento de insumos e o encarecimento de matérias primas. Com isso, uma equalização entre oferta e demanda pode ter gerado essa queda no mês anterior e uma recuperação em agosto”, analisou.

Comparação

Quando o resultado de agosto desse ano é comparado com agosto de 2021, a indústria apresenta expansão de 2,8% e taxa positiva em 10 dos 15 locais pesquisados. Naquele mês, Mato Grosso (29,9%) e Amazonas (13,4%) tiveram avanços de dois dígitos, enquanto no Espírito Santo (-12,2%) e no Pará (-8,7%) houve os recuos mais acentuados. O IBGE observou, no entanto, que agosto de 2022 teve 23 dias úteis, um a mais que o mesmo mês em 2021.

Acumulado

No ano, o resultado foi negativo em oito dos 15 locais pesquisados. Os destaques ficaram com o Pará (-8,1%) e o Ceará (-4,6%), mas, no acumulado dos últimos 12 meses, houve taxas negativas em 12 dos 15 locais pesquisados.

Pesquisa

Desde a década de 1970, a PIM Regional produz indicadores de curto prazo, relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativas e de transformação.

O IBGE informou que, mensalmente, a pesquisa traz índices para 14 unidades da federação cuja participação é de, no mínimo, 1% no total do valor da transformação industrial nacional e, também para o Nordeste: Amazonas, Pará, Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e Região Nordeste.