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Economia

Lula avalia ligar para Trump em negociação de tarifas

Governo pode negociar acordos com os Estados Unidos
Patricia Vilas Boas - repórter da Reuters
Publicado em 29/03/2025 - 12:49
São Paulo
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Entrevista coletiva à imprensa.
Hotel Sofitel Legend Metropole Hanoi - Vietnã.

Foto: Ricardo Stuckert / PR
© Ricardo Stuckert / PR
Reuters

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado (29) que não vê problemas em conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para alcançar um acordo e evitar tarifas entre os países, às vésperas da entrada em vigor de taxas norte-americanas, no próximo dia 2.

"Na hora que eu sentir necessidade de conversar com o presidente Trump eu não terei nenhum problema de ligar para ele", afirmou Lula a jornalistas em Hanói, durante viagem oficial ao Vietnã.

"Na hora que ele achar que tem interesse em conversar comigo, eu espero que ele não tenha problema de me ligar. Não é porque nós temos divergências ideológicas que dois presidentes não podem conversar", observou.

Lula, que tem dito que o Brasil vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas pelos EUA a produtores brasileiros, ou mesmo impor tarifas recíprocas, afirmou que o país está negociando com os norte-americanos.

"Antes de fazer a briga da reciprocidade ou a briga da OMC, a gente quer gastar todas as palavras que estão no nosso dicionário para fazer um livre comércio com os EUA", observou Lula, que lembrou reuniões anteriores do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, com representantes do comércio dos Estados Unidos.

Taxa de 25% para automóveis

Trump já anunciou a imposição de uma taxa de 25% para todos os automóveis fabricados fora dos Estados Unidos, prevista para entrar em vigor em 2 de abril, e o Brasil teve as exportações de aço e alumínio taxadas também em 25% desde o dia 12 de março. A expectativa é de que novas medidas possam vir.

"Os EUA só têm que saber que eles não estão sozinhos no planeta terra. É só olhar o mapa do mundo que a gente vai perceber que os EUA estão ligados a muitos outros países e se ele (país) toma uma atitude unilateral, eu acho que isso pode não ser tão bom para os EUA," acrescentou.

Lula retorna neste domingo (30) ao Brasil, após viagem oficial ao Vietnã, que resultou na abertura do mercado vietnamita para a carne brasileira, um convite feito pelo Brasil para o Vietnã participar da cúpula dos Brics este ano e menções a um acordo de aviação entre os países.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também reforçou neste sábado a meta de alcançar um comércio bilateral entre os países de US$ 15 bilhões até 2030, após fluxo de mais de US$ 7 bilhões em 2024.

Embraer & JBS

Lula voltou a comentar sobre as conversas para tentar emplacar aeronaves da Embraer no mercado asiático, após dizer na sexta-feira (28) que o Vietnã poderia comprar aviões da fabricante brasileira.

"Nós estamos discutindo com eles a necessidade de fazer com que a Embraer possa vender alguns aviões aqui... alguns não, uma perspectiva de 50 aviões", disse Lula neste sábado.

Uma autoridade brasileira disse à agência de notícias Reuters, na semana passada, que a Embraer está em negociações para uma possível venda de dez jatos E190 de fuselagem estreita para a Vietnam Airlines. As duas empresas não comentaram.

Lula também confirmou acordo da processadora de alimentos JBS envolvendo operações no país vietnamita. Na semana passada, a agência Reuters noticiou, citando fontes, que a gigante de alimentos estava considerando construir uma fábrica de processamento de carne no norte do Vietnã, sua primeira na Ásia, caso houvesse uma abertura do mercado vietnamita à carne brasileira, o que foi anunciado por Lula na véspera.

Mais cedo, neste sábado, durante encontro com empresários em Hanói, Lula afirmou que uma empresa brasileira investiria US$ 100 milhões para o processamento de carne no Vietnã.

A Embraer e a JBS fizeram parte da delegação empresarial que acompanhou Lula em sua viagem ao Vietnã.

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