Academia e estudantes prestam homenagem a Moacyr Scliar
Uma peça de teatro mostrando como o escritor Moacyr Scliar se dividia entre a literatura e a medicina marcou hoje (26) a premiação da Maratona Escolar 2014. Para elaborar a apresentação, os alunos do Colégio Municipal Cuba, no Rio de Janeiro, inspiraram-se no papel político das crônicas do imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) contra o racismo, a discriminação e em favor de justiça e melhores serviços públicos.
Em parceria com a ABL, o evento premiou cinco alunos de escolas municipais do 8º e 9º anos do ensino básico e um do EJA (Educação de Jovens e Adultos) que fizeram redações sobre a vida e a obra de Scliar, morto em 2011. Os estudantes foram selecionados pelos professores e pela organização da maratona, que distribuiu kits com livros, em uma forma de manter o estímulo à leitura entre os jovens e os professores.
Selecionada pela ABL para ler sua redação no palco, após a apresentação teatral, a jovem Thaynnara Oliveira Bernardes, de 15 anos, disse que não deu tempo de ler todos os livros de Scliar. “Por meio da concurso, conheci o escritor. Em três meses, eu não li tudo, mas vi um pedacinho de muitos, folheei”. Thaynnara elegeu para uma futura leitura Max e os Felinos.
Publicado em 1980, Max e os Felinos é tido como inspiração do romance As Aventuras de Pi, do canadense Yann Martel. A história de Scliar fala sobre um rapaz que foge da Alemanha nazista, em direção ao Brasil. Após um naufrágio, o menino se salva em um bote junto com um jaguar que, por ser imprevisível e violento, simbolizava a ditadura militar.
Para o acadêmico Evanildo Bechara, a parceria com a rede municipal, por meio do Programa Rio, uma Cidade de Leitores, aproxima a academia da juventude. “É a ligação de dois polos: o da tradição e o da esperança. Faz com que tenhamos a demonstração da criatividade de nossos professores e alunos. É a prova que, apesar dos pesares, a escola cumpre seu papel.”
A secretária municipal de Educação, Helena Bomeny, comemora o sucesso da parceria, com reflexo na melhoria do desempenho de alunos em língua portuguesa. “A escola inteira participa; é uma forma de trazer a literatura e a redação para escola. É uma coisa de prática, escrever melhora o raciocínio e a lógica”, destacou Helena.
Para 2015, o escritor homenageado será o escritor baiano e também acadêmico João Ubaldo Ribeiro, cujas obras fazem referência à capital fluminense, onde morreu, em junho deste ano.