No DF, candidatos do Enem reclamam de distância de locais de prova
No segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vários estudantes ouvidos pela Agência Brasil reclamaram da escolha dos locais da prova, em alguns casos, a mais de 40 quilômetros de onde moram. Logo após o fim do exame, paradas de ônibus das asas Sul e Norte, no cento de Brasília, ficaram lotadas. Para os estudantes, as provas de matemática, redação, linguagens e códigos deste domingo (9) foram mais fáceis do que as de ontem (8).
Moradora de Planaltina, cidade a quase 40 quilômetros do centro de Brasília, Maria Eliza Nascimento teve que sair de casa às 9h para fazer as provas do Enem, marcadas para começar às 13h. Hoje, ao deixar o local de prova, em uma escola na Asa Sul, aparentava desgaste físico. “Estou muito cansada. Além da prova, tive que pegar ônibus e sair cedo de casa. Foi uma correria. Não sei porque me colocaram tão longe de casa, achei um absurdo”, lamentou.
Perguntado pela Agência Brasil sobre as reclamações dos estudantes com relação à distância dos locais de prova, o ministro da Educação, Henrique Paim, disse que os casos serão analisados individualmente. "Temos que verificar caso a caso, depende de como o candidato fez a inscrição, tem que ver a situação de cada participante", comentou Paim.
O técnico em telecomunicações Aílton Antonio de Oliveira, 36 anos, também teve que sair de casa cedo. Morador de Santa Maria, a 30 quilômetros da Asa Sul, onde fez a prova, ele se sentiu prejudicado com a escolha do local da prova. “No ano passado, fiz a prova perto de casa. Esse longo percurso acaba influenciando, atrapalhando a gente.” Ele considerou o segundo dia de provas mais fácil. “Ontem estava mais difícil e a redação considerei interessante.”
A vendedora Marilene Azevedo, 41 anos, também criticou a distância até o local da prova. Moradora de Ceilândia, a 30 quilômetros do Plano Piloto, ela acredita que o local da prova pode influenciar negativamente no resultado. “Com certeza [prejudica]. É muito ruim. Seria melhor se fosse perto de onde a gente mora”, reclamou. A vendedora, que fez o exame pela primeira vez, contou que decidiu fazer o Enem por incentivo da filha universitária.
“Quero cursar pedagogia. Como minha filha já está na universidade, ela me incentivou a fazer a prova. Para quem estudou, a prova de hoje não estava complicada”, avaliou. Ela, no entanto, reconheceu não estar no grupo dos mais preparados. “Foi mais uma experiência, mas no próximo ano eu passo”, disse sorrindo.
A dona de casa Maria Helena Franco também reclamou da escolha do local da prova. “Fiquei mais de uma hora e meia na parada esperando ônibus. Minha filha foi para a Asa Norte e não sei nem se ela conseguiu chegar a tempo”, lamentou. Estudante do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), ela disse que fez a prova este ano para “somar uns pontos”. “Achei a prova um pouco difícil, assim como a redação”.
Ao lado da irmã gêmea, a estudante Beatriz Gabriele Aguiar foi mais uma que reclamou do local da prova definido pelo Ministério da Educação. “Quase perdemos a horário da prova por causa do engarrafamento. O ideal é que o estudante fizesse a prova próximo de casa”, disse a estudante do 2º ano do ensino médio.
A diarista Ana Lúcia Borges, 28 anos, também achou ruim o local da prova, mas considerou que a distância não prejudicou o desempenho na prova. “Claro que a distância é ruim, mas não chega a atrapalhar para fazer a prova”, analisou.
A estudante do 2º ano do ensino médio e moradora da região administrativa do Guará, a cerca de 17 quilômetros do Plano Piloto onde fez a prova, Maria Eduarda Escobar, 17 anos, não achou ruim a escolha do local da prova, pois os pais a levaram e buscaram. Ela disse ter se saído bem no exame.
“Achei [a prova] melhor do que a de ontem. Estava mais fácil. A prova de ontem estava mais cansativa, com muitos textos. O tema da redação foi ótimo, bem tranquilo”, resumiu a estudante que acreditava que a temática da redação poderia estar relacionada à escassez de água em São Paulo ou ao surto de ebola na África Ocidental.
*Colaborou Mariana Tokarnia