Pais e alunos do Colégio de Aplicação da Uerj protestam pelo adiamento das aulas
Ao som de palavras de ordem como “Sem educação, não há educação”, pais, alunos e professores fizeram protesto na manhã de hoje (11) contra o adiamento do início do ano letivo do Colégio de Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CAp-Uerj) em frente ao campus, no bairro do Maracanã. As aulas, que deveriam começar no dia 2 deste mês, estão previstas agora para o próximo dia 23.
Em comunicado na última segunda-feira (9), o reitor da Uerj, Ricardo Viralves, criticou a falta de investimento público na educação, mas não falou sobre a carência de professores. A Associação dos Docentes da Uerj diz que faltam professores em muitas turmas e culpa a reitoria por não haver preparado, a tempo, a posse dos que já passaram em concursos para lecionar na instituição.
Segundo a professora Maria Fátima de Souza, que leciona há 16 anos na Uerj, existem muitos problemas relacionados à educação no CAp-Uerj. “Há falta de profissionais, pois vários professores se aposentaram. Houve um concurso maior, com a chamada de dez professores em dezembro. No ensino fundamental, quase 50% são contratos temporários, com rotatividade muito grande. São professores muito bons, mas não podem, ou não querem ficar, caso consigam uma proposta melhor. Lutamos por um quadro efetivo [no CAp-Uerj] e também na universidade.”
O Colégio de Aplicação é conhecido por ser uma escola de excelência, com diversos projetos de inclusão, como o atendimento educacional especializado. “Temos autistas, estamos recebendo um menino que tem paralisia cerebral, e isso é feito pelo professor. Primamos pelo ensino e pela aprendizagem dos alunos. Aqueles com dificuldade no aprendizado têm apoio na sala de aula, e não temos professores para isso”, acrescentou Maria Fátima.
Em nota, a Associação dos Docentes da Uerj informou que a administração central da universidade não planejou adequadamente o início das aulas, postergando a realização de um plano para suprir as carências reais de professor. Segundo a nota, ao atribuir o adiamento do semestre letivo exclusivamente “à crise fiscal do estado”, a reitoria busca se eximir da responsabilidade sobre este processo e ganhar tempo para contratar professores substitutos para as centenas de turmas sem professores.
De acordo com mães e professores, o prédio do colégio não favorece o ensino, devido à infraestrutura. “Mesmo com obras, não dispõe de áreas para as crianças ficarem à vontade, a quadra é pequena. Nosso elevador tem dez anos que não funciona, prejudicando a mobilidade de todos. Uma aluna fez uma cirurgia no tendão [do pé] e tivemos que mudar a sala de aula”, concluiu a professora.
Valéria Arruda, mãe de um aluno de 11 anos, disse que faltam 69 professores, porque alguns se aposentaram e os contratados, ganhando R$ 17 a hora/aula, não ficam muito tempo. Após insistirmos, no ano passado, tivemos uma reunião com o reitor da Uerj,que prometeu para o início deste ano o bandejão, os elevadores para acessibilidade das crianças e melhora na infraestrutura. E nada disso foi cumprido.”
Procurada pela Agência Brasil para comentar a questão, a assessoria da Uerj disse que não iria se pronunciar.
O atraso do ano letivo também afeta os alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde o início das aulas foi adiado para a próxima segunda-feira (16), devido à alegada falta de limpeza no campus universitário.
Fonte: Pais e alunos do Colégio de Aplicação da Uerj protestam pelo adiamento das aulas