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No Rio, Climate Hub debate preservação de oceanos

Objetivo é dar mais visibilidade ao enfrentamento de mudanças no clima
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Published on 26/07/2023 - 17:06
Rio de Janeiro
Mar de ressaca no Rio de Janeiro após ciclone extratropical ir para o oceano
© Fernando Frazão/Agência Brasil

Com o objetivo de dar mais visibilidade à necessidade de preservação dos oceanos, para valorizar o enfrentamento das mudanças climáticas, foi realizado nesta quarta-feira (26), no Museu Histórico do Exército, no Rio de Janeiro, o evento Oceano e Clima – A conservação marinha no combate às mudanças climáticas no Brasil. O encontro foi promovido pelo Climate Hub, centro de estudos do clima do Columbia Global Centers Rio, parte integrante da Universidade de Columbia, dos Estados Unidos.

Atualmente, apenas 1% do orçamento de todos os países do mundo é destinado à pesquisa oceânica, disse à Agência Brasil a gerente de Projetos do Climate Hub Rio, Camila Pontual. “Sem avanços na pesquisa, não temos dados, a gente não consegue avançar em políticas públicas, e não preserva o que não conhece.”

A pesquisadora a destacou que, em 2021, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu até 2030 a década para a ciência oceânica, englobando não só a preservação dos oceanos, mas a pesquisa oceânica. “Exatamente porque temos um gap (lacuna) de conhecimento e de dados na questão dos oceanos, embora aquilo que sabemos já nos mostre a relevância dos oceanos.”

Carbono

A gerente de Projetos do Climate Hub Rio afirmou que os oceanos são o maior sumidouro de carbono. “Eles não só capturam o carbono, como asseguram que o elemento químico fique ali, a tecnologia mais importante que temos de mudança climática, para combater os gases de efeito estufa.”

O problema é que os seres humanos ainda conhecem muito pouco sobre a biodiversidade marinha, sobre os impactos das mudanças climáticas nessa biodiversidade, “que é fundamental para manter esse sumidouro”. Por causa disso, as Climate Hub, da Universidade de Columbia, se uniram para começar a reunir especialistas brasileiros para avançar a pesquisa de oceanos no Brasil.

Durante o evento foram feitas propostas para fomentar o orçamento para a ciência, fomentar a pesquisa, entender os impactos nessas temáticas, avançar com isso frente aos governos federal, estaduais e municipais, com o objetivo de criar comissões locais de debate, de modo a promover maior criação, por exemplo, de unidades de conservação marítima e outras.

Camila Pontual disse que um dos temas que serão estudados diz respeito à pesca artesanal, entendendo que essa é uma atividade fundamental para geração de renda de muitas famílias, em especial de baixa renda. Do mesmo modo, deverão ser trabalhados também os impactos da pesca predatória.

Edital

Especialistas brasileiros e da Universidade de Columbia deverão se aliar para promover, e debater cada vez mais, a colaboração entre os dois países nesse campo da pesquisa oceânica. Camila adiantou que ainda neste segundo semestre será lançado edital para pesquisadores brasileiros irem para a Universidade de Columbia, onde desenvolverão pesquisas sobre sustentabilidade, incluindo a área dos oceanos.

O evento no Forte de Copacabana foi realizado pelo Climate Hub Rio, em parceria com o Projeto Ilhas do Rio e o Núcleo de Vida Marinha da Secretaria de Meio Ambiente e Clima da Cidade do Rio de Janeiro (SMAC).

Para a secretária de Meio Ambiente e Clima do Rio, Tainá de Paula, é necessária uma atenção especial com a vida marinha não só no Rio de Janeiro, mas em todo o Brasil. Ela destacou que o país tem mais de 7,4 mil quilômetros de litoral e serve de referência quando o assunto é pesca ou sustentabilidade marinha. “Por isso, precisamos focar nossos esforços em sugerir políticas públicas que possam minimizar os impactos das mudanças climáticas no Brasil”, afirmou.

Para a coordenadora técnica do Projeto Ilhas do Rio, Aline Aguiar, é urgente reduzir os impactos humanos e implementar soluções baseadas no oceano. Ela ressaltou que a criação de áreas marinhas protegidas como áreas prioritárias para conservação e a restauração de manguezais e recifes de coral têm impacto direto na recuperação da biodiversidade, propiciando elevado potencial de fixação de carbono e aumento da produtividade de recursos pesqueiros.

Ao final do evento, os participantes visitaram a exposição A Esperança nas Águas e Ilhas do Rio, organizada pelo Projeto Ilhas do Rio e inaugurada no salão principal do Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana.