Rio de Paz protesta contra retirada de fotos de crianças assassinadas
A organização não governamental Rio de Paz fez uma manifestação na manhã deste sábado (4), na zona sul do Rio de Janeiro, em memória de crianças e adolescentes mortos pela violência no estado.
O ato protestou contra a retirada pela prefeitura do Rio de fotos das 49 crianças vítimas de bala perdida no estado, entre 2020 e 2024, de acordo com registros da Rio de Paz.
As imagens foram colocadas por familiares em um mural na Lagoa Rodrigo de Freitas, no último dia 28 de dezembro, no lugar de placas com os seus nomes. Durante o protesto no local onde ficava o Memorial, parentes e voluntários seguraram as cópias das fotos removidas.
Segundo a Rio de Paz, o mural existe desde 2015 e é atualizado sempre que acontecem novos casos. O fundador da Ong, Antônio Carlos Costa questionou porque apenas as imagens das crianças foram retiradas, já que a prefeitura manteve as placas com os nomes de policiais mortos em serviço em 2024.
"Em menos de 24 horas, a prefeitura do Rio, sem a ninguém avisar, numa atitude de completa desconsideração pelo sofrimento dos parentes das vítimas, mandou arrancar todas as fotos. A todos tornou-se evidente o quanto as fotos na Lagoa causaram assombro, porque somente após a substituição dos nomes pelas imagens, que a prefeitura resolveu remover a parte da instalação referente às mortes das crianças, deixando ao mesmo tempo incólumes os cartazes dos policiais militares mortos."
Antônio Carlos Costa ressalta que o mural é uma forma de chamar a atenção da sociedade para o descaso e incompetência do estado em relação ao problema.
"As fotografias cumprem o importante papel de espinho que machuca a consciência de uma cidade que não pode assistir de braços cruzados o assassinato da parte mais vulnerável da população."
Além de pedir o retorno do mural, o ato ainda exige do governo do estado o fim das mortes nas comunidades pobres da região metropolitana. A Ong lembra que as 49 mortes registradas, entre 2020 e 2024, ocorreram durante as duas gestões do governador Cláudio Castro. Em quase duas décadas, a Ong contabiliza 115 vítimas, de 0 a 14 anos, mortas por armas de fogo.
A prefeitura do Rio e o governo do estado foram procurados sobre o protesto, mas não responderam até o fechamento da reportagem.