Coluna: “Eu vim pra confundir e não para explicar”
Abelardo Barbosa, apresentador de programas de auditório por mais de 30 anos na televisão brasileira, criou uma série de frases que marcaram época. O Chacrinha, como era conhecido, dizia nos programas que comandava, que estava ali “para confundir, e não para explicar”.
Ele, ao menos, era sincero. E por isso fez sucesso. Mas o árbitro de vídeo, que chegou para ajudar – ao menos foi o que disseram, quando o apresentaram -, está complicando, e muito, o futebol brasileiro. As discussões que deviam terminar após os jogos ainda se estendem por toda a semana seguinte e não foram poucos os casos levados até os tribunais esportivos.
O curioso é que não vemos isso em outros países onde o VAR é utilizado. No Brasil, o pessoal da arbitragem anda caprichando nos erros, e haja explicação baseada em protocolos, que parecem mudar a cada rodada. É óbvio que houve acertos e correções em jogadas irregulares, mas isso, como se diz, é o papel dele. O que não dá, e isso é inaceitável, é gerar um erro a partir da intervenção indevida. A falha passa a ser oficial, com o aval dos árbitros que estão fora de campo se baseando em vídeos e vários replays em câmera lenta.
Lançaram a ferramenta, mas não treinaram devidamente os profissionais. Estamos trocando o pneu com o carro andando. E como os árbitros que atuam no Brasil são obrigados a participarem de campeonatos diferentes, ora com VAR, ora sem ele, não é surpresa que se confundam. O auxiliar, em alguns jogos, tem de deixar a jogada correr; em outros, deve marcar a infração imediatamente. É difícil virar a chave a cada rodada.
Repito o que sempre disse – não gosto dessa tecnologia e, para mim, o chip na bola definindo se ela entrou ou não no gol já seria suficiente. As discussões e erros fazem parte do futebol, desde a criação dele. No vôlei e no tênis, que serviram de parâmetros para o futebol, não existe interpretação. Quando acionado, o VAR diz se houve ou não determinada infração e ponto final.
Em televisão, nada se cria, tudo se copia. Mas no esporte está bem claro que a “buzina do Chacrinha” toca diferente. O árbitro de vídeo foi inserido no Brasileirão como o bacalhau era jogado por ele ao público. Um “presentinho”, como dizia. Da minha parte, sigo reclamando contra o VAR. Sou um modesto Velho Guerreiro que admira o futebol jogado e decidido apenas dentro de campo.