Coluna - Maior legado físico da Rio-2016 está em São Paulo
Em 2016 o Rio de Janeiro se tornou a primeira cidade da América do Sul a receber os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Promessas foram feitas, algumas esquecidas, outras cumpridas. Mas o maior legado físico daquelas disputas ficou do outro lado da ponte aérea, em São Paulo. É a estrutura do Centro de Treinamento Paralímpico (CTP).
O investimento foi de R$ 265 milhões, sendo mais da metade bancado pelo governo federal. Além de dinheiro, o governo paulista cedeu o terreno, que fica em um local simbólico: o espaço hoje utilizado por atletas de ponta já foi um dia sede de uma das unidades mais problemáticas da Febem (Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor), desativada em 1999. Nos mais de 95 mil metros quadrados de área construída, há estrutura para o treinamento de 15 modalidades diferentes. Além disso, há áreas de apoio aos atletas e até mesmo um alojamento, com capacidade para receber 280 pessoas.
A construção impressiona, mas o que dá alma ao CTP é a movimentação diária pelas quadras, campos, pistas e piscinas. O foco principal é o alto rendimento, com atletas que representam o Brasil nos mais variados eventos internacionais. Além deles, há ainda espaço para várias crianças e jovens, do Centro de Formação de Atletas, e para equipes de diversas associações que trabalham com pessoas com deficiência.
Esta estrutura rende frutos não apenas na qualidade dos treinos, mas também na possibilidade de sediar competições. Entre sexta-feira (27) e domingo (29) o local foi palco do Campeonato Brasileiro de Atletismo. Nesta semana será a vez da Copa América de Bocha, evento qualificatório para Tóquio 2020, com atletas de todo o continente. De acordo com dados do CPB, o Comitê Paralímpico Brasileiro, em 2017 foram 172 eventos, quase todos abertos ao público.
Acompanhar um evento no CTP é uma experiência que todos aqueles que gostam de esportes deveriam ter. Além de assistir atletas de alto nível, é possível ver que o legado bem administrado é aquele que é utilizado. Um dos maiores vilões do investimento no esporte é a ociosidade das estruturas – muito dinheiro que é usado em contruções que depois acabam sem uso por falta de planejamento.
Por meio de concessão, a administração do local está nas mãos do CPB. O prazo de concessão é de apenas cinco anos, mas pelo que tem sido feito no local, não há motivos para que o modelo de gestão seja modificado.