CBDU: universidades precisam ter obrigação legal com o esporte
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A fase final dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), realizados neste ano em Salvador, alcançou o teto de sua evolução. Os jogos movimentam milhares de atletas e equipes técnicas de diversas instituições de ensino superior no Brasil, mas o esporte universitário ainda precisa de evolução, afirma o presidente da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), Luciano Cabral.
Para Luciano Cabral, a maioria das universidades não demonstra interesse em promover programas esportivos. “Temos 500 instituições de ensino superior que participam do calendário da CBDU. Sabemos que são 100, 120 que investem diretamente. Não é a ausência de recursos, é a ausência de uma política definida pela instituição, ou uma política que obrigue as instituições a entenderem isso como um investimento no desenvolvimento dos seus alunos”, afirmou.
A falta de apoio ao esporte universitário cria problemas como o relatado pelo atleta Thiago Prado, de Roraima. Um de seus colegas do time de basquete não pôde ir a Salvador por não ter condições de pagar a passagem. Segundo Luciano, a CBDU tem se movimentado no Congresso Nacional para estimular os reitores das universidades a investir no esporte, criando mecanismos legais.
A confederação obteve apoio político para protocolar quatro projetos de lei envolvendo o fomento ao esporte universitário, um dos quais já em tramitação em comissões temáticas do Congresso Nacional. Esse projeto prevê a obrigatoriedade de instituições sem fins lucrativos ofertarem a alunos atletas uma porcentagem das bolsas de estudo que já são obrigadas a oferecer.
A CBDU calcula que seriam oferecidas de 40 mil a 50 mil bolsas de estudo, um acréscimo às 16 mil bolsas disponibilzadas a atletas no país. “Temos 8 milhões de universitários no Brasil, e 16 mil [bolsas de esporte] acabam sendo insignificantes”.
Outra iniciativa é tentar incluir como critério de avaliação do Ministério da Educação (MEC) os programas esportivos e equipamentos para prática desportiva dentro das universidades. “Quando a gente pensa que as instituições terão a obrigatoriedade de ofertar bolsas, de ter equipamento esportivo e ter programa de esporte, o movimento do esporte universitário na base vai se fortalecer”, avalia Luciano.
Ele destaca que, no Brasil, a cultura é de promover políticas imediatistas, de curto prazo e resultados rápidos. “Isso funciona num primeiro momento, mas não se consolida”. A CBDU, conforme explicou, tem começado a colher frutos junto à iniciativa privada e ao setor público, apostando a longo prazo. Empresários em posições de destaque, e que já participaram dos JUBs no passado, começam a surgir como apoiadores do movimento desportivo universitário.
“Se a gente formar um atleta que hoje tem 19 anos, e ele viver essa experiência agora, daqui 20 anos, estará ocupando uma posição de destaque e vai começar a decidir em favor do esporte universitário. Não é um patrocínio por interesse comercial apenas. É porque tem um convencimento, sabe que é importante, que gera negócios para ele”, afirma o presidente da Confederação Brasileira do Desporto Universitário.
*O repórter viajou a convite da Confederação Brasileira do Desporto Universitário