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Esportes

Coluna - Duas datas, muitas ligações

Na semana das crianças e dos professores, é preciso ressaltar relações
William Douglas é comentarista do programa Stadium da TV Brasil. A coluna será publicada pela Agência Brasil semanalmente às segundas-feiras
Publicado em 14/10/2019 - 09:00
São Paulo

Doze de outubro, Dia das Crianças.  Quinze de outubro, data reservada aos Professores. Então, hoje é dia de destacar a relação destes profissionais com os pequenos.

Professores são aquelas pessoas que se fazem presentes por toda vida, mesmo quando distantes, deixam marcas pelo trabalho realizado. Na infância a relação é direta e ainda mais próxima. Depois da família, são eles os primeiros adultos com quem temos contato direto. Responsáveis pela educação formal, eles acabam absorvendo muitas vezes outras funções. Ao acompanhar treinamentos e competições paradesportivas, é possível perceber a força de alguns destes laços.

Uma das maiores barreiras encontradas pelas pessoas com deficiência é justamente o processo de socialização. Ter uma limitação física ou intelectual não diminui a importância do contato com outro. E o esporte é uma ferramenta (que fique bem claro, não a única) que permite a saída do deficiente desta bolha familiar. Nesta situação, o papel desempenhado pelos professores é fundamental. Não é fácil para os pais verem filhos com necessidades específicas alçarem “voo solo”. Treinos e competições em locais distantes de casa só são possíveis se a relação entre mestres e alunos for construída com respeito e confiança.

Relação que começa, muitas vezes, na detecção de um talento em potencial. Daniel Rodrigues, um dos melhores brasileiros do tênis em cadeira de rodas, descobriu a modalidade após a recomendação de um professor. E não foi de educação física. Foi o responsável pelas aulas de história quem se surpreendeu ao ver o garoto com deficiência em uma das pernas jogando handebol e futebol, como goleiro, e o indicou para uma instituição de esportes para deficientes em Belo Horizonte. Daniel conta que a admiração do professor era tão grande que ele levava turmas para assisti-lo praticando esportes. E que a recomendação veio porque o professor sabia o que era conviver dentro da família com pessoas com deficiência. Adulto e com a carreira consolidada no esporte, o tenista não tem mais contato com o mestre. Mas a lembrança ficou e também a certeza de que a vida dele seria totalmente diferente não fosse o encaminhamento recebido durante a aula.

É fundamental lembrar também daqueles professores que, por opção ou necessidade, não trabalham com o alto rendimento, mas que constroem laços no esporte de participação, respeitando o direito das pessoas com deficiência de serem inseridas no ambiente esportivo. Juntos, eles vibram, se emocionam e também aprendem. Afinal, quem convive no ambiente escolar sabe que nunca é tarde para absorver novas lições.