Possível venda de Newcastle a fundos de investimento árabe gera debate
A Premier League, principal campeonato de futebol da Inglaterra, está paralisado por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19), mas foi abalado hoje (22) pela imprensa britânica que revelou a possível venda do tradicional Newcastle United a um fundo de investimentos da Arábia Saudita, por aproximadamente 345 milhões de euros, o equivalente a quase R$ 2 bilhões.
Fundado em 1898, o Newcastle receberia ainda mais 230 milhões de euros para rechear o elenco com estrelas da bola. Entre os possíveis reforços estão o brasileiro Philippe Coutinho (Bayer de Munique), o francês Griezmann (Barcelona) e o uruguaio Cavani (PSG). O clube soma quatro títulos ingleses na galeria, o último ganho em 1926.
O negócio já é dado como certo, mesmo sem a confirmação oficial até o momento de nenhuma das partes envolvidas. Entretanto, não faltam críticas à transação comercial, principalmente por conta da figura do príncipe Mohammed bin Salman, herdeiro do trono saudita, proprietário de 80% do dinheiro movimentado no fundo (consórcio de investidores). A Anistia Internacional Britânica mandou uma carta para a Premier League, acusando Mohammed bin Salman de ordenar o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi dentro da embaixada da Arábia na Turquia, em 2018. A ONG aponta ainda inúmeras violações aos direitos humanos pela Arábia Saudita, como a condenação de 184 pessoas à pena de morte no ano passado.
Quem também protestou à Premier League contra a venda do Newscastle foi a rede de televisão por assinatura beIN Sports, do Catar. O grupo de comunicação acusa Mohammed bin Salman de apoiar o televisionamento pirata do campeonato inglês para os sauditas.
O comentarista esportivo da Rádio Nacional, Mário Silva, lembra que a compra de clubes é comum pelo mundo. "O Newcastle é uma equipe mediana, onde até o Mirandinha jogou [1989/1990]. O problema desta situação é o comprador. Sobre o príncipe saudita pesam algumas acusações, mas no final o dinheiro deve vencer".