Em meio à pandemia, Paulistão retorna com mapa alternativo e clássico
A cidade de Itu, no interior paulista, fica a 100 quilômetros de São Paulo. É na capital, porém, que o Ituano mandará a partida desta quarta-feira (22), contra a Ferroviária às 16h30 (de Brasília). O duelo marca a volta da Série A1 (primeira divisão) do Campeonato Paulista, após 128 dias de paralisação. A pandemia do novo coronavírus (covid-19) explica não só a suspensão do torneio, como também o fato desse e outros jogos das duas rodadas finais do Estadual estarem agendados em lugares atípicos.
Primeiro estado a registrar casos e mortes pela covid-19, São Paulo passou de 20 mil mortes pelo vírus na última terça-feira (21). Na última semana, houve aumento de 14% nos óbitos pelo novo coronavírus no território paulista, após duas 21 dias de queda. O crescimento de 24% nos falecimentos pela doença no interior impulsionou o índice.
Em 1º de junho, o governo paulista colocou em prática o Plano São Paulo, que prevê a reabertura gradual das atividades econômicas em meio à quarentena decretada em 22 de março. O estado foi dividido em 17 regiões, qualificadas em cinco fases: Vermelha, Laranja, Amarela, Verde e Azul. Quanto mais avançada, maior a flexibilização autorizada.
A princípio, a volta de competições esportivas, mesmo sem público, estava prevista na Fase Azul. À medida que junho transcorreu, o cenário foi se abrindo para o retorno. Primeiro, com a liberação da retomada dos treinos das equipes da primeira divisão, a partir de 1º de julho. Depois com a flexibilização para que, uma semana antes, os clubes iniciassem os testes da covid-19 em elencos, comissão técnica e funcionários.
Na entrevista coletiva que autorizou a volta às atividades dos times em julho, realizada em 17 de junho, a previsão era de pelo menos quatro meses de pré-temporada até o retorno das partidas. Três semanas depois, foi dada autorização para que a bola rolasse em São Paulo a partir desta quarta-feira, mas com restrições. Seguindo o protocolo definido pela Federação Paulista de Futebol (FPF) e aprovado pelo governo do Estado, os jogos só podem ser disputados em municípios que estejam na Fase Amarela do plano de reabertura.
No momento, somente a cidade de São Paulo, a maior parte da região metropolitana da capital e a Baixada Santista podem receber partidas. A revisão do plano se dá a cada 14 dias. A nova atualização será nesta sexta-feira (24), com validade a partir da próxima segunda-feira (27). Para clubes que avançarem ao mata-mata atuarem em casa, é necessário que seus respectivos municípios estejam na Fase Amarela.
Também segundo o protocolo, todos os envolvidos com o futebol têm de passar por testes frequentes para identificar a presença ou não do vírus. Semanalmente, os clubes vêm divulgando o resultado dos exames e isolando os profissionais infectados. Um dos primeiros foi o Corinthians, há um mês, revelando a contaminação de oito atletas e cinco funcionários do Centro de Treinamento Joaquim Grava. Já no último sábado (18), o Santo André informou que três jogadores e um membro da comissão técnica foram diagnosticados com a covid-19.
Clássico na reta final
A competição foi interrompida em 16 de março, após a vitória do Guarani sobre a Ponte Preta, por 3 a 2, no dérbi de Campinas (SP). O jogo foi realizado com portões fechados (como será na sequência do Estadual, previsto para encerrar em 8 de agosto). Tanto governo paulista como FPF garantiram que, até o fim do torneio, não há previsão para retorno do público aos estádios.
Na primeira fase, os 16 participantes estão divididos em quatro grupos, com quatro times, sendo que as equipes só encaram as que estão em chave diferente. Os dois melhores de cada grupo passam de fase e se enfrentam nas quartas de final, em jogo único. A duas rodadas do fim, só há dois clubes garantidos no mata-mata: São Paulo e Red Bull Bragantino.
A melhor campanha geral é do Santo André, com os mesmos 19 pontos do Palmeiras, mas à frente por ter uma vitória a mais. Ambos estão no mesmo grupo (B). Na outra extremidade, Ponte Preta, com sete pontos, e Botafogo, com oito, estariam hoje rebaixados à Série A2 (segunda divisão). Com as cidades de Campinas e Ribeirão Preto (SP) fora da Fase Amarela, eles terão que mandar jogos longe de casa. O Botafogo, aliás, manifestou desagrado com o retorno do Estadual e com a adaptação no regulamento que deu, até a última terça-feira, novo prazo para inscrições de atletas.
A rodada de quarta prevê o último clássico da primeira fase. Às 21h30 (de Brasília), Corinthians e Palmeiras se enfrentam na Arena do Timão em situações diferentes. Ao Verdão, a vitória assegura a passagem do time às quartas de final. A equipe comandada por Vanderlei Luxemburgo tem como desfalques o lateral-direito Marcos Rocha (expulso na rodada passada) e o zagueiro Gustavo Goméz (problema no registro da renovação do contrato). Além disso, o clube perdeu o atacante Dudu para o Al Duhail (Catar) e está com o também atacante Rony suspenso pela Fifa.
Já o Alvinegro, com poucas chances de classificação, precisa ganhar e torcer por dois tropeços do Guarani (nessa e na derradeira rodada da primeira fase). A diretoria corintiana tinha esperança de conseguir registrar o atacante Jô a tempo do clássico, mas a documentação do atleta, que estava no Nagoya Grampus (Japão), não chegou a tempo. A novidade no time dirigido por Tiago Nunes é que Danilo Avelar, lateral-esquerdo de ofício, passará a jogar na zaga. No dérbi, ele atuará no lugar de Pedro Henrique, negociado com o Athletico.