Basquete feminino cria movimento por igualdade, apoio e visibilidade
Jogadoras do presente e algumas das que construíram a história do basquete feminino no Brasil lançaram nesta quarta-feira (26), Dia Internacional da Igualdade Feminina, o movimento Levante a Bola Delas. A iniciativa busca dar visibilidade, apoio e condições igualitárias à modalidade.
O vídeo da campanha, que remete às conquistas do basquete feminino, reúne nomes de peso, como as ex-atletas Magic Paula, Hortência e Janeth, campeãs mundiais com a seleção brasileira em 1994 e medalhistas de prata na Olimpíada de Atlanta (Estados Unidos), dois anos depois. Participam, também, as pivôs Erika de Souza e Gil Justino, a armadora Tainá Paixão e a ala Rapha Monteiro, destaques na atualidade, além de Vitor Benite, ala-armador da seleção masculina. Em depoimentos, as atletas falam de incentivo, reconhecimento e valorização, destacando que as principais conquistas recentes do país na modalidade vieram justamente no feminino.
"É muito bom ver o engajamento de todos em torno do basquete feminino. Isso mostra que estamos unidas, defendendo aquilo que é direito nosso, que é a igualdade nos patrocínios, no apoio das marcas esportivas e visibilidade. Ter atletas como Paula, Hortência e Janeth mostra que não estamos sozinhas e que todos querem só uma coisa, que é o crescimento do basquete feminino", disse Erika, 38 anos, quatro Olimpíadas na carreira e campeã tanto na Liga de Basquete Feminino (LBF), como na WNBA (Associação Nacional de Basquete Feminino, na sigla em inglês), principal campeonato feminino do mundo.
Paula, por sua vez, espera que a manifestação da comunidade do basquete feminino impulsione mulheres de outras modalidades a também lutarem por igualdade. "Já caminhamos muito, mas ainda há um longo caminho a trilhar. Movimentos dessa natureza só fortalecem o basquete feminino e as atletas envolvidas nesse processo. É nosso papel e é dessa forma que posso contribuir para que a modalidade se fortaleça cada vez mais, com patrocínios, uma competição forte e mais jogadoras atuando e curtindo o basquete", destacou.
"Espero que essa campanha possa chamar a atenção das marcas em relação às mulheres e ao basquete feminino. Estamos num momento delicado, por causa da pandemia [de covid-19], e também preocupadas em relação a patrocínio. O basquete é o nosso trabalho e precisamos de apoio para ter uma Liga forte no ano que vem, com mais equipes, para que possamos continuar jogando no nosso país", sustentou Tainá, eleita a melhor jogadora da final dos Jogos Pan-Americanos de Lima (Peru), no ano passado, vencida pela seleção brasileira.
A temporada nacional de clubes do basquete feminino brasileiro só deve voltar no próximo ano, já que o calendário da LBF costuma contemplar datas em que as principais atletas do país não estão atuando no exterior. A edição 2020 da Liga começou em março, mas foi suspensa após três jogos realizados, e depois foi cancelada, por causa do novo coronavírus.
Para 2021, em meio às dificuldades financeiras em virtude da pandemia de covid-19, a LBF começou a dialogar na semana passada com o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) para ter apoio logístico durante a temporada. A ideia é seguir moldes semelhantes ao que foi acordado com a principal competição masculina da modalidade, a Liga Nacional de Basquete (LNB), para a edição 2020/2021 do Novo Basquete Brasil (NBB).
Dia da Igualdade Feminina
O movimento é internacional e começou nos Estados Unidos, sendo celebrado desde os anos 70. A data destaca a instituição da 19ª emenda da Constituição norte-americana, de 1920, que proibia ao Estado negar direito ao voto aos cidadãos conforme o gênero, abrindo espaço para a participação feminina na política