Covid-19: sindicato paulista cogita pedir paralisação do Brasileiro
O Sindicato de Atletas de São Paulo (Sapesp) enviou um ofício à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pedindo mudanças nos protocolos sanitários adotados para o Campeonato Brasileiro, em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19). A entidade, que divulgou o comunicado nesta quarta-feira (12), cogita até entrar com uma ação judicial para interromper a competição, se necessário. À Agência Brasil, a CBF disse que, no momento, não se pronunciará.
"O formato da CBF precisa de ajustes. A gente não pode permitir a continuidade da competição em detrimento às vidas, que estão sendo expostas. Ratificando que a gente quer as competições realizadas, sabemos que a questão financeira é importante a clubes e atletas, mas, se perdermos uma vida, não terá dinheiro que pague", afirma o presidente do sindicato, Rinaldo Martorelli, à Agência Brasil. "Não descartamos a possibilidade de, em um momento extremo, entrar com ação para preservar a vida dos jogadores e dos clubes do estado que representamos", completa.
No documento, enviado à CBF na terça (11), o sindicato apresenta reportagens diferentes para ilustrar a suposta fragilidade do protocolo da entidade, citando os três jogos adiados nas principais divisões nacionais, apenas na primeira rodada. "Sem desmerecer todos os esforços anteriores para a elaboração dos procedimentos e definidos em forma de protocolo final e, com o respeito que a situação exige, para os próximos ajustes, há de se considerar novos e outros elementos", resume o ofício.
Como sugestões, o sindicato menciona a estratégia do Campeonato Alemão, que "teve três sessões de testes na semana antes da reestreia e obrigava um isolamento das delegações por até sete dias antes de cada partida", e a bolha adotada pela NBA, liga norte-americana de basquete, isolando os atletas na Disney. "Evidente que qualquer dos dois parâmetros, para ser adotado, deve considerar as modificações inerentes às condições nacionais, porém, sem desconsiderar a essência que traga segurança na preservação da saúde e vida de todos os envolvidos", diz o documento.
Cenário confuso
Na última segunda (10), a CBF anunciou as primeiras mudanças no protocolo, com o aumento no número de testes por rodada, com 72 horas de antecedência a cada partida e a liberação para que os clubes optem pelos exames em laboratórios locais. Até então, os testes vinham sendo todos feitos no Hospital Albert Einstein, parceiro da entidade. A alteração se deu após o Goiás ter sido informado, com atraso, sobre nove casos positivos da covid-19 horas antes do jogo com o São Paulo, no domingo (9). A partida foi adiada.
Outros dois jogos foram postergados devido a casos de covid-19. Treze e Imperatriz, pela Série C, após o time maranhense ter 12 registros positivos; e Chapecoense e CSA, na Série B, devido à equipe alagoana estar com 18 atletas diagnosticados com a doença. Já nesta terça (11), quatro atletas do Atlético-GO testaram positivo para a covid-19, mesmo assim a CBF autorizou o clube a escalar os atletas nesta quarta (12), contra o Flamengo, às 20h30 (horário de Brasília), em Goiânia (GO). O argumento dos goianos, acatado pela entidade, é que os jogadores estavam isolados e não teriam mais potencial de transmitir o vírus.
"Os protocolos adotados foram aprimorados. É certo que causa preocupação, mas temos absoluta certeza que só foram detectados os problemas, as anomalias, as intercorrências, em face do protocolo que tem sido adotado", analisa Felipe Augusto Leite, presidente da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf), em entrevista à Agência Brasil. "A Fenapaf, sobretudo, respeita as decisões científicas que estão sendo tomadas tanto pela CBF, como pelos departamentos médicos dos clubes. Estamos aguardando que o assunto se desenvolva, que as medidas que estão sendo adotadas e aprimoradas tenham eficácia, para que possamos avaliar diariamente o quadro que estamos todos vivendo", conclui.