logo Agência Brasil
Esportes

Coluna – O que esperar dessa nova Libertadores?

Se o Brasileirão já está imprevisível, imagine o que ainda veremos
Sérgio du Bocage*, apresentador do programa No Mundo da Bola
Publicado em 15/09/2020 - 19:36
Rio de Janeiro
Taça  Libertadores CONMEBOL
© Twitter/CONMEBOL Libertadores

E a Copa Libertadores da América está de volta. A Conmebol marcou para esta terça-feira (15) quatro jogos que ocorrerão no Brasil (Santos x Olimpia) , Peru, Bolívia (Jorge Wiltermann x Athletico-PR) e Chile. E qual a notícia de mais impacto para esse dia? O fato de o Boca Juniors, da Argentina, ter sido liberado para viajar para o Paraguai, onde joga na quinta-feira (17), mesmo com cerca de 15 de seus jogadores infectados pelo novo coronavírus (covid-19). 

Como concordar com uma atitude dessas? Não é possível priorizar a questão esportiva em detrimento da sanitária. Por mais protocolos de segurança que tenham sido impostos pelas autoridades locais e pela Conmebol, como explicar para o povo paraguaio que ele pode ficar tranquilo, que nada vai acontecer de errado?

Dados publicados no site da Organização Mundial da Saúde (OMS), com números atualizados até segunda-feira (14), mostram que, na América do Sul o Paraguai ocupa a nona posição na lista de dez países com casos confirmados de covid-19: são ao todo 27.817 infectados e   525 mortes registradas. Em último lugar está o Uruguai, com 1.808 casos confirmados da doença  e 45 mortes. O Uruguai se destaca entre os países que melhor soube combater a disseminação da covid-19, com sacrifício da economia e, claro, da população. E agora o futebol permite a entrada no país de pessoas com resultado positivo para o vírus? Dizem as autoridades médicas que esses jogadores não transmitem mais a doença, mas dá para confiar, com tanta desinformação circulando sobre a covid-19?

Isso é um fato apenas. Porque, certamente, teremos muitos outros. São dez países, com situações bem diversas. Peru e Colômbia tiveram mais de 700 mil casos e registro superior a 22 mil mortes cada um. E,  é óbvio que não podemos esquecer de nós, que também vamos receber essas equipes do continente.

Como se não bastasse tudo isso, há o aspecto esportivo. Foram seis meses de paralisação, e pouquíssimos clubes escaparam sem prejuízo desse período. Aqui no Brasil, por exemplo, o Grêmio e o Athletico-PR passam por momentos difíceis no Brasileirão. O Flamengo não mostra nem de longe o futebol que o levou ao título ano passado. Palmeiras, Santos, Internacional e Atlético Mineiro estão irregulares e não dá para a gente dizer que são favoritos em seus jogos.

Mas, e os rivais? Os mais tradicionais, como argentinos, uruguaios e chilenos, também não estão no ápice de suas condições e os tropeços são esperados. E, assim, prever algo nessa Libertadores é um palpite no escuro.

É bom lembrar que algumas regras mudaram, como o número de substituições, a inscrição de jogadores e, pasmem, a possibilidade de um árbitro local ser escalado em alguma partida. Para quem duvida do árbitro de vídeo (VAR), imagine como será uma marcação duvidosa de um árbitro “da casa”, numa Libertadores onde o passado de arbitragens suspeitas a condena?

E, antes que eu esqueça, você sabe de que forma assistirá aos jogos da Copa Libertadores? Porque isso também mudou e, de repente, você terá de pagar um pouco mais para ver o seu time jogar. Minha dúvida é se vai valer a pena.

* Por Sergio du Bocage, apresentador do programa “No Mundo da Bola”, da TV Brasil