Coluna – Quem é o responsável pelo desempenho do Vasco na Série B?
A 22ª rodada da Série B será concluída nesta terça-feira (07), mas dois jogos da 23ª já foram disputados. Um deles do Vasco, um dos que, no início do campeonato, era visto como virtual classificado para a Série A de 2022. No entanto, a derrota de 3 a 1 para o Avaí, em Santa Catarina, veio ratificar que a campanha cruzmaltina está bem longe daquilo em que a imprensa e a torcida apostavam. Para o matemático Tristão Garcia, inclusive, as chances de o Vasco voltar para a primeira divisão são inferiores a 10%.
E por que isso? Vamos voltar no tempo. O Vasco, no Estadual, não chegou à fase final, terminou em quinto lugar, mas não perdeu para os rivais tradicionais na Taça Guanabara, incluindo a vitória de 3 a 1 sobre o Flamengo. Na Copa do Brasil, parou nas 8ªs de final, eliminado pelo São Paulo – mas não custa lembrar que o Palmeiras saiu na fase anterior para o CRB. No início da Série B, o diretor executivo de futebol, Alexandre Pássaro, fez um balanço do grupo e festejou – 13 dispensas, dez contratações e um aumento da média de idade e da experiência do grupo, com jogadores mais rodados e com passagens pela Série A.
Era para ficar confiante mesmo. Até porque, segundo o site Transfermarkt, o elenco do Vasco é o mais caro da Série B, avaliado em 28,4 milhões de euros, mais que o dobro do líder Coritiba, estimado em 12,98 milhões.
Mas a realidade é bem diferente. No momento, sem contarmos o jogo Goiás x Cruzeiro, que fecha a 22ª rodada, o Vasco está a seis pontos do G4 e com um jogo a mais. Nesse grupo dos quatro primeiros colocados, além do Coritiba, estão CRB (elenco avaliado em 8,6 milhões de euros), Botafogo (20,1 milhões) e Goiás (14,68 milhões), em mais uma prova de que nem sempre o dinheiro traz felicidade.
Alexandre Pássaro chegou ao Vasco com a aura de ser um inovador nas estratégias administrativas, com pensamentos mais profissionais. Recebeu elogios, mas no primeiro momento de pressão demitiu o técnico Marcelo Cabo. O mesmo que, ao lado dele, ajudou na montagem da equipe para a Série B. O responsável por reunir um elenco que, ao menos em tese, funcionaria no estilo de jogo pretendido por ele. Avaliando apenas os jogos da Série B, Cabo foi técnico do Vasco até a 12ª rodada, com cinco vitórias, três empates e quatro derrotas, aproveitamento de 50%, que hoje o colocaria em nono lugar. Após um jogo em que o time foi dirigido pelo interino Alexandre Gomes, o cruzmaltino passou a ser comandado por Lisca e, desde então, soma 10 jogos, com quatro vitórias, um empate e cinco derrotas, aproveitamento de 43%, o que valeria o 12º lugar.
E agora? O que dizer? Elenco mais caro, troca de técnico, desempenho inferior. Mais preocupante ainda porque o mesmo Marcelo Cabo assumiu o Goiás e, com ele, já foram oito jogos, com quatro vitórias, três empates e uma derrota, 62,5% de aproveitamento, ou o segundo lugar em desempenho.
Se dinheiro não traz felicidade, a pressa é inimiga da perfeição. Velhos ditados, mas que se aplicam muito bem ao momento vivido pelo Vasco. Há duas semanas, comentamos aqui que a confirmação do acesso se dará com 64 pontos, ou seja, exatamente o dobro da pontuação atual do Vasco. Faltando 15 jogos, o time precisaria de um aproveitamento de 71%, maior que o atual do Coritiba, líder, com 63,3%. Uma campanha na reta final com 10 vitórias, dois empates e três derrotas.
Não se deve mais buscar o responsável agora. De fora, a gente pode analisar e o torcedor, criticar. Mas internamente a hora é de trabalho. Se o erro foi de quem contratou os responsáveis por cuidarem do futebol; se foi de quem montou o elenco; se foi de quem demitiu um técnico e contratou outro; se é dos jogadores que falham em campo; se é dos árbitros ou do VAR, nada disso importa. Pelo menos até o fim do ano, porque, se o acesso não chegar, o Gigante da Colina sofrerá um golpe que não condiz com sua tradição.
Sergio du Bocage é apresentador do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil