logo Agência Brasil
Esportes

Judô: Sarah Menezes quer mesclar experiências no comando da seleção

Campeã olímpica foi apresentada como nova técnica da equipe feminina
Lincoln Chaves - Repórter da TV Brasil e da Rádio Nacional
Publicado em 14/12/2021 - 17:00
São Paulo
Sarah Menezes, seleção judô, comissão técnica
© Lara Monsores/CBJ/Direitos Reservados

Após 15 anos dedicados à seleção no tatame, Sarah Menezes inicia nesta terça-feira (14) uma nova trajetória, como técnica da equipe brasileira feminina de judô. Campeã olímpica nos Jogos de Londres (Reino Unido), em 2012, a piauiense quer mesclar a experiência adquirida na carreira e o aprendizado com os treinadores que a marcaram: Expedito Falcão e Rosicléia Campos (a quem a própria Sarah substituirá).

“O Expedito foi meu treinador desde os nove anos e conheci a Rosicléia aos 15, na seleção brasileira. O aprendizado foi gigantesco. Pude observá-los e ter meu conhecimento próprio também. Só tenho a agradecer aos dois, que são técnicos com visões diferentes, o que foi muito importante para o meu crescimento”, disse Sarah em entrevista coletiva por videoconferência.

“A palavra-chave é persistência, acreditar nos atletas, colocar na cabeça deles que é possível serem campeões, como fomos em muitos ciclos. Trabalho duro, inteligência, tática e desenvolver os atletas em cada competição que eles participem”, completou a ex-judoca de 31 anos, que também esteve nos Jogos de Pequim (China), em 2008, e Rio de Janeiro, em 2016.

O novo posto impõe um outro desafio à Sarah: conciliar a preparação da seleção com a maternidade. Em maio, a campeã olímpica teve Nina, primeira filha com o judoca francês Loic Pietri.

“É uma situação delicada, mas estou aprendendo dia a dia, conhecendo a Nina e passando detalhes para a minha mãe, que estará sempre com ela. Vamos aprender a ser independentes desde cedo e nos comunicarmos como o mundo se comunica. A vida nos ensinará juntas”, comentou a piauiense.

Sarah não é a única novidade. A seleção feminina ainda terá como coordenadora Andréa Berti, que comandava a equipe nacional júnior e defendeu o Brasil nos Jogos de Barcelona (Espanha), em 1992, e Atlanta (Estados Unidos), em 1996. Já a masculina será treinada por Antônio Carlos de Oliveira Pereira, o Kiko, que revelou o bicampeão do mundo João Derly e os medalhistas olímpicos Mayra Aguiar (também bi mundial) e Daniel Cargnin. Ele assume o posto que era da japonesa Yuko Fujii, agora coordenadora.

“É um momento ímpar, que talvez não estivesse mais nos meus planos de vida. Eu tenho uma caminhada de 35 anos no judô, como treinador de um clube de Porto Alegre [Sogipa], com atletas importantes. O ciclo dos Jogos de Paris [França] é mais curto, mas acredito muito no atleta brasileiro e nas pessoas ao meu lado, nos meus comandantes. Tenho certeza de que esse planejamento será construído em muitas mãos para que, em 2024, continuemos em nossa trilha de vitórias”, declarou Kiko na mesma videoconferência.

Além de Rosicléia, que estava à frente da equipe feminina desde 2005, também deixam a seleção os técnicos Luiz Shinohara e Mario Tsutsui. O experiente trio comandou a geração responsável por 14 medalhas olímpicas e 48 em Mundiais.

Seletiva

Os novos integrantes da comissão técnica estão em Pindamonhangaba (SP) para acompanhar a seletiva que define as seleções nacionais para 2022, primeiro ano do ciclo de Paris. As disputas ocorrem de quarta (15) a sexta-feira (17) e distribuem duas vagas por categoria (sete por gênero). Os 28 atletas (14 no masculino e 14 no feminino) se juntam aos medalhistas olímpicos na Rio 2016 e judocas que ficaram, ao menos, na sétima posição nos Jogos de Tóquio (Japão), que já estão garantidos na equipe: Rafaela Silva, Mayra Aguiar, Rafael Silva, Daniel Cargnin, Maria Suelen Altheman e Ketleyn Quadros.

“O processo de renovação tem acontecido, mais acentuado no masculino. Acreditamos que o resultado da seletiva nos apontará possibilidades em termos do potencial que cada treinador poderá trabalhar. Temos mantido uma tradição de medalhas olímpicas desde os Jogos de 1984 [em Los Angeles, nos EUA] e neste ciclo não será diferente. O ciclo é curto e há as inseguranças da pandemia [da covid-19] que persiste, mas estamos confiantes”, concluiu o gestor de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Ney Wilson, também na entrevista coletiva.