Técnico do Irã diz esperar menos política na próxima Copa do Mundo
O técnico do Irã, o português Carlos Queiroz, disse nesta segunda-feira (28) que espera que a próxima Copa do Mundo seja menos sobre política e mais sobre futebol, enfatizando que há maneiras melhores de usar o esporte como uma força para o bem.
A equipe de Queiroz foi arrastada para a crise política que ocorre no Irã, sendo pressionada por manifestantes que buscam desafiar a legitimidade dos governantes clericais do Irã a se aliarem a eles publicamente e condenar uma repressão do Estado.
Falando antes da partida de sua equipe pelo Grupo B na próxima terça-feira (29) contra os Estados Unidos, Queiroz foi questionado sobre a federação de futebol dos EUA exibir temporariamente a bandeira nacional do Irã nas redes sociais sem o emblema da República Islâmica, em solidariedade ao movimento de protesto.
“Ainda acredito que posso ganhar jogos com esses jogos mentais”, disse em entrevista coletiva.
“Espero que esses eventos em torno desta Copa do Mundo sejam uma lição para todos nós no futuro e aprendamos que nossa missão aqui é criar entretenimento e por 90 minutos deixar as pessoas felizes”, acrescentou.
Após a derrota inicial do Irã por 6 a 2 para a Inglaterra, Queiroz descarregou sua fúria sobre o que chamou de assédio e pressão política que distraíram sua equipe, que foi criticada por não se manifestar fortemente sobre as mortes de manifestantes, com alguns iranianos acusando-os de se aliarem às autoridades.
Mas, em uma reviravolta surpreendente, o Irã venceu o País de Gales na última sexta-feira (25) com dois gols nos acréscimos para voltar à disputa e tentar uma vaga nas oitavas de final. A equipe enfrenta o rival diplomático Estados Unidos em uma partida que decidirá o grupo.
A Copa do Mundo do Catar está envolvida em controvérsia desde muito antes do início sobre a abordagem do país anfitrião aos direitos LGBT e seu tratamento aos trabalhadores imigrantes.
Queiroz disse que há hora e lugar para usar o futebol para causar impacto no mundo e recebeu aplausos de jornalistas quando falou de “momentos mágicos” a partir de um simples gesto como dar bolas de futebol para crianças carentes na África.
“Somos solidários com as causas humanitárias em todo o mundo”, disse.
Em uma referência pouco velada aos Estados Unidos, ele acrescentou: “Você fala de direitos humanos, racismo, crianças morrendo em escolas com tiroteios, nos solidarizamos com todas essas causas. Mas aqui nossa missão é levar sorrisos a todas as pessoas por 90 minutos”.
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