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Esportes

Tenistas acreditam que existe favorecimento no antidoping, diz Djoko

Desconfiança no sistema teria começado com casos de Sinner e Swiatek
Nick Mulvenney*
Publicado em 18/02/2025 - 13:37
Sidney
Novak Djokovic em entrevista coletiva durante o Aberto da Austrália
24/01/2025  Mike Frey-Imagn Images
© Reuters/Mike Frey-Imagn Images/proibida reprodução
Reuters

 Novak Djokovic disse que a maioria dos jogadores acredita que o favorecimento está em jogo no sistema antidoping do tênis e pediu que ele seja reformulado após os casos envolvendo Jannik Sinner e Iga Swiatek.

Sinner aceitou no sábado (15) uma suspensão de três meses por doping após testar positivo para o agente anabólico clostebol no ano passado, enquanto Swiatek cumpriu uma suspensão de um mês no final de 2024, quando a substância proibida trimetazidina (TMZ) apareceu em seu teste.

Embora Djokovic não estivesse sugerindo que qualquer um dos campeões do Grand Slam tivesse feito algo errado intencionalmente, ele disse que havia inconsistências no tratamento dado a ambos nas mãos da Agência Internacional de Integridade do Tênis (ITIA).

"Os dois casos de Iga Swiatek e Jannik Sinner atraíram muita atenção e isso não é uma boa imagem para o nosso esporte", disse o 24 vezes campeão do Grand Slam no Aberto do Catar na segunda-feira (17). "A maioria dos jogadores não acha que [o processo é] justo. A maioria dos jogadores sente que está havendo favoritismo". "Parece que você quase pode afetar o resultado se for um jogador de ponta, se tiver acesso aos melhores advogados e coisas do gênero", acrescentou Djokovic.

Outros jogadores atuais e antigos, como Nick Kyrgios, Stan Wawrinka e Tim Henman, levantaram questões sobre o caso de Sinner, o último sugerindo que o fim de sua suspensão pouco antes do Masters de Roma e do Aberto da França foi "muito conveniente".

Djokovic, que co-fundou a Associação de Jogadores de Tênis Profissionais (PTPA) como uma voz para os atletas no jogo, disse que havia uma desconfiança generalizada de todo o processo de doping entre seus colegas jogadores.

"Acho que agora é o momento certo para abordarmos o sistema, porque o sistema e a estrutura obviamente não funcionam no antidoping, isso é óbvio", disse o sérvio de 37 anos. "Espero que, em um futuro próximo, os órgãos dirigentes se reúnam, de nossos Tours e do ecossistema do tênis, e tentem encontrar uma maneira mais eficaz de lidar com esses processos. "É inconsistente e parece ser muito injusto."

O acordo de Sinner com a Agência Mundial Antidoping (WADA), que havia recorrido quando o italiano foi liberado sem punição no ano passado, reconheceu sua explicação de que produtos contaminados usados por seu massagista estavam por trás do teste positivo.

"Sinner foi suspenso por três meses por causa dos erros e da negligência dos membros de sua equipe que trabalham no circuito, então isso também é algo que eu pessoalmente, e muitos jogadores, achamos um pouco estranho", disse Djokovic.

O sérvio ressaltou que parece que processos muito diferentes foram seguidos pela ITIA em casos de doping envolvendo jogadores como a romena Simona Halep e a britânica Tara Moore.

"Há muitas inconsistências entre os casos", disse ele. "Vimos nas mídias sociais Simona Halep e Tara Moore e algumas outras jogadoras talvez menos conhecidas que estão lutando para resolver seus casos há anos, ou que foram banidas há anos." "Temos que ter em mente que Sinner e Swiatek, na época, eram os melhores do mundo quando esses anúncios foram feitos", acrescentou.

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