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Ato em Petrópolis pede transformação de local de tortura em Centro de Memória

Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 10/02/2014 - 21:33
Rio de Janeiro

Integrantes das comissões nacional e estaduais da Verdade e representantes de entidades, de movimentos sociais e de partidos políticos, fizeram hoje (10), na Praça Dom Pedro II, no centro de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, o ato público 50 anos do Golpe - A História Que Tortura Petrópolis, e pedia também a transformação da Casa da Morte em Centro de Memória.

Para a integrante da Comissão da Verdade do Rio (CEV-Rio), Nadine Borges, o ato mostrou articulação de diversos segmentos sociais. Ela informou ainda que a Comissão tem mantido contato com a prefeitura de Petrópolis, que desencadeou o processo de desapropriação da casa, inclusive com levantamento do valor do imóvel. Ela destacou que há ainda o empenho da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. “Parece que este é um momento para a gente celebrar. Parece que as coisas estão caminhando mais”, contou à Agência Brasil.

Na avaliação da integrante da CEV-Rio, a participação de muitos jovens no ato fortalece a busca pela verdade, e mostra que eles estão comprometidos com esta pauta. “Tem que dar continuidade para valorizar este espaço, para que ele se torne um espaço que a juventude tenha interesse em conhecer como um espaço pedagógico e saber que Petrópolis não é só uma cidade imperial. Ela tem essa lacuna na história, de ter servido e deixado existir aqui um centro clandestino de tortura que foi a Casa da Morte”, analisou.

Nadine Borges disse estar confiante em relação ao processo de desapropriação, e espera que em breve ele se confirme. “Depois de desapropriar, tem ainda que garantir um projeto museológico e arquitetônico”, contou sobre os próximos passos.

Ela disse que uma das principais bandeiras do trabalho das comissões da Verdade é fazer com que não se repitam os atos ocorridos no período da ditadura. “Esses centros de memória e a mudança de nomes de ruas e pontes [que têm o nome de pessoas envolvidas com a repressão] fazem parte de um trabalho para que não mais se repitam. A única forma disso acontecer é garantir a permanência no tempo de uma memória que não deve ser apagada, e que a gente tem que evitar, que é de praxe na política de esquecimento do próprio Estado, que tentou esconder, e que de certa forma continua não permitindo que a gente investigue os arquivos das Forças Armadas e tenha acesso a eles”, completou.

Depois do ato no centro de Petrópolis, os manifestantes seguiram em caminhada até a Câmara de Vereadores, onde colocaram, no gramado em frente ao prédio, cruzes de madeira simbolizando as pessoas que foram mortas na Casa da Morte nos anos 70.

Amanhã (11) a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR), Maria do Rosário, irá à CEV-Rio para assistir à apresentação do relatório parcial dos trabalhos da CEV-Rio e ouvir palestra do teólogo Leonardo Boff sobre os principais avanços e desafios da luta pela memória e a verdade nos últimos anos.