Rodoviários mantêm greve de ônibus em Porto Alegre
A audiência de conciliação hoje (6) à tarde, no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS), para negociar o fim da greve dos motoristas de ônibus na capital gaúcha não evoluiu na pauta de reivindicações da categoria, que está parada há 11 dias, informou, há pouco, o diretor do Sindicato dos Rodoviários Emerson Dutra.
Ele disse à Agência Brasil que está insatisfeito com os rumos da negociação entre trabalhadores e patrões, pois, mesmo com a intermediação da Justiça do Trabalho, o único ganho obtido até agora foi no vale-alimentação, que passou de R$ 16 para R$ 19 por dia.
De acordo com Dutra, o TRT-RS só vai julgar o dissídio terça-feira (17). O sindicalista adiantou que a tendência é a paralisação continuar, uma vez que os donos das empresas de ônibus se mantêm irredutíveis em negar as reivindicações dos rodoviários: reajuste salarial de 14%, redução da jornada diária para 6 horas, fim do banco de horas e manutenção do plano de saúde. “Estou indo visitar as garagens ainda hoje para sentir o ânimo da categoria”, disse, há pouco, Emerson Dutra.
O Sindicato dos Rodoviários e o Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) informou que vai descontar os dias parados e que pode haver demissões. Em audiência segunda-feira no TRT, o Seopa propôs reajuste salarial de 7,5%, aumento do vale-alimentação de R$ 16 para R$ 19 e fixação da contribuição dos empregados no plano de saúde em R$ 10, em vez de R$ 40. Também ficou combinado que não haveria desconto dos dias parados ou retaliação aos empregados. De acordo com o tribunal, a validade do acordo foi condicionada ao retorno gradual dos ônibus às ruas da capital a partir do meio-dia de terça-feira (4), para que 70% da frota estivessem em operação até as 16h.
Em assembleia na terça-feira, os rodoviários rejeitaram o acordo encaminhado no TRT. Assim, informa o tribunal, duas liminares deferidas anteriormente voltaram a valer: a que declarou a ilegalidade da greve, autorizando as empresas a descontar os dias parados, e a que determinou a manutenção de 70% de circulação dos ônibus nos horários de pico e de 30% no restante do dia, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.
Na quarta-feira (5), a vice-presidente do TRT-RS, desembargadora Ana Luiza Heineck Kruse, indeferiu os pedidos para ordenar atuação policial em frente às garagens. A solicitação havia sido feita pela prefeitura e pelo Seopa.
De acordo com a prefeitura, em 11 dias de greve, 46 ônibus foram depredados quando tentavam circular pela cidade. O último incidente ocorreu no início da manhã de ontem, com apedrejamento de um veículo da empresa VTC, do Consórcio STS. A ação partiu de motociclistas, informou a prefeitura. Hoje, cinco ônibus da linha Gasômetro, do Consórcio Unibus, tentaram sair da garagem, mas tiveram que retornar devido à ameaça de depredação. Cerca de 70% das 617 vans escolares credenciadas de Porto Alegre fazem o transporte coletivo da cidade para diminuir os transtornos com a greve.