Jazz, rock e festejos tradicionais também embalam carnaval no Brasil
Em Brasília, o rock'n'roll faz a festa de muitos foliões. O CarnaRock, criado nos anos 90, reúne todos os anos cerca de 2 mil pessoas durante cinco dias de folia. O evento já foi palco até de um casamento entre roqueiros. Eles se conheceram numa das primeiras edições da festa. Para Ronan Meireles, organizador do evento, o CarnaRock é a melhor opção para quem tem o “mental” nas veias.
“[É] uma opção para a galera que vive o rock'n'roll, que tem o rock na alma, que vive esse dia a dia de roqueiro, que só curte o rock. Ou também [é uma opção] para quem só é simpatizante. O CarnaRock está de braços abertos para todas as pessoas”, convida o organizador.
Mas, o clima carnavalesco underground não é privilégio da capital federal, eventos semelhantes ocorrem em Vila Velha, no Espírito Santo, Curitiba, no Paraná, e na cidade gaúcha de Pelotas.
Há quem prefira passar os dias de folia ao som intenso e improvisado do blues e do jazz. Os ritmos tomam a pequena cidade cearense de Guaramiranga, nos dias de carnaval. O público do Festival de Jazz e Blues, que este ano chega a 15ª edição, movimenta a economia da região que tem 5 mil habitantes. De acordo com uma das idealizadoras do projeto Rachel Gadelha, a população da cidade mais que duplica nesta época do ano.
As ruas estreitas ficam repletas de músicos e turistas, que têm no evento uma oportunidade de apreciar a arte dos sopros, cordas e metais.“Você nem imagina que está no carnaval, pelo nível de ligação com a música, com a natureza e com a energia que movimenta tudo isso. Na primeira edição todo mundo achava que aquela ideia não ia dar certo: carnaval, jazz, blues, Ceará, era uma coisa completamente improvável”, conta Rachel
O festival movimenta a pequena Guaramiranga durante todo o ano com as oficinas e aulas de música que formam os músicos para se apresentarem nos palcos juntos com artistas já consagrados.
No Espírito Santo, manter o folclore é o forte do carnaval do Boi Pintadinho de Muqui. No total, 22 bois e seus foliões tomam a avenida principal da cidade. Fogos, cores e batucadas marcam o desfile dos representantes de bairros ou fazendas do município. Cada bloco leva para a rua homens e mulheres vestidos de mulinhas que fazem a segurança do boi e o espadeiro, que vai abrindo o caminho do cortejo. Os preparativos para a festa movimentam a cidade o ano inteiro e é coisa de família.
“A cultura do Boi Pintadinho é tão forte que é passada de pai para filho, com isso a gente vê que essa tradição nunca vai acabar. Os adolescentes já tomam conta do boi que eram de seus pais desde 1940”, explica o folião e representante da secretaria de cultura do município, Heder Jofre. Para incrementar a festa, nos últimos anos foram criadas as Vacas Mocha e Furiosa, que desfilam pelas ruas acompanhadas só de mulheres vestindo "rosa-choque".
Vindo das antigas festas pagãs e proibido em diversas épocas por perturbar a ordem, o Entrudo, continua preservado no interior do Tocantins. A tradição de um folião molhar o outro é antiga em Arraias. Logo de manhã, o bloco começa a percorrer as ruas da cidade. Quando param na casa de um morador, logo jogam um balde de água no cidadão e ele está apto a entrar na festa. No caminho, o bloco faz várias paradas para comer farofa ou tomar cerveja gelada na casa de quem se candidatou para servir aos foliões.
A festa é para todo mundo e todos têm que respeitar as regras de bom convívio e não vale reclamar. “Aqui todos são molhados e a gente tem o maior cuidado porque é uma brincadeira com respeito, paz, com muita preocupação de não gerar violência porque é uma coisa bem familiar. E se molha não apela e se apelar a gente molha de novo, até a pessoa entrar na folia” explica Diran Franco, uma das organizadoras da festa.
Durante o percurso existem chuveiros espalhados para quem quiser se refrescar. Uma dica é não esquecer de usar um sapato que não acumule água, uma roupa que seque rápido e, é claro, o balde para molhar quem estiver por perto.