Coronel que admitiu tortura é assassinado na Baixada Fluminense
Conhecido por atuar na repressão durante a ditadura, o coronel reformado do Exército, Paulo Malhães, de 76 anos, foi encontrado morto hoje (25) pela manhã em seu sítio na zona rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. De acordo com a polícia, três homens invadiram a casa, amarraram a mulher e o caseiro, e procuraram armas. Durante a ação dos criminosos, o militar foi morto. O corpo do coronel Malhães está no Instituto Médico-Legal de Nova Iguaçu, onde será determinada a causa da morte.
Ex-agente do Centro de Informações do Exército (CEI), o militar prestou depoimento, no dia 25 do mês passado, na Comissão Nacional da Verdade, quando admitiu ter torturado, matado e ocultado cadáveres de presos políticos durante a ditadura militar. No depoimento, ele disse não se arrepender de nada e contou como funcionava a Casa da Morte, em Petrópolis, na região serrana, centro clandestino de torturas, onde teriam sido assassinadas 20 pessoas.
No depoimento, Malhães revelou que agentes do CEI mutilavam corpos de vítimas da ditadura assassinadas na Casa da Morte, arrancando as arcadas dentárias e as pontas dos dedos para impedir a identificação. Ele também deu sua versão sobre operação do Exército para o desaparecimento dos restos mortais do deputado federal Rubens Paiva.
A Comissão da Verdade de São Paulo Rubens Paiva divulgou nota em que manifestou "surpresa e preocupação com o assassinato" do coronel. A entidade lembra que Malhães revelou "detalhes importantes sobre a execução sumária e a ocultação do cadáver do ex-deputado Rubens Paiva.
O presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous, disse que a morte precisa ser investigada com rigor, porque o coronel reformado foi agente importante da repressão política e detentor de muitas informações sobre a ditadura.
*Matéria alterada às 22h30 do dia 25.04.2014 para acréscimo de informações