Criminosos esperaram o coronel Malhães chegar para revirar a casa
A Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense tomou depoimento de Cristina Batista Malhães, viúva do coronel reformado do Exército Paulo Malhães, assassinado ontem (24) em seu sítio em Cabuçu, no município de Nova Iguaçu. De acordo com o delegado adjunto Fabio Salvadoretti, os três homens que invadiram a casa do militar estavam no local quando o coronel e sua mulher chegaram. No entanto, só começaram a revirar a casa após a chegada do casal. O caseiro não percebeu a chegada dos bandidos.
O delegado disse que foram levados celulares, dois computadores, impressoras, joias e pelo menos quatro armas da coleção do coronel, além de R$ 700. Fábio Salvadoretti suspeita que Malhães tenha sido assassinado por asfixia cerca de três horas depois da chegada dos bandidos ao sítio. Segundo ele, não há indícios de que o coronel tenha sido torturado.
Os criminosos permaneceram na casa das 14h às 22h dessa quinta-feira (24), aproximadamente. A viúva contou que apenas um dos três homens estava encapuzado. Antes de irem embora, eles soltaram a mulher do coronel e o caseiro, que tinham sido amarrados e colocados cada um em um cômodo da casa.
O delegado Salvadoretti disse que estuda três linhas de investigação para o crime. “A esposa ouviu os bandidos fazendo ameaças, tipo 'onde estão as armas e as joias'”, contou. “A investigação está muito preliminar ainda. Nada está sendo descartado. Pode ter sido um latrocínio, uma vingança ou um crime relacionado com o depoimento prestado por ele à Comissão Nacional da Verdade”, disse. Há exatamente um mês, em depoimento na comissão, o coronel reformado Paulo Malhães foi o primeiro militar a admitir a prática de tortura, assassinatos e ocultação de cadáveres de presos políticos durante a ditadura militar.