Família real belga participa de homenagem no Rio e discute parcerias
Aproveitando a passagem da família real da Bélgica pelo Rio de Janeiro para assistir ao confronto com a Rússia, amanhã (22), no Maracanã, o consulado geral do país europeu organizou hoje (21) a reinauguração da Avenida Rainha Elisabeth, que liga Copacabana a Ipanema, em uma homenagem ao rei Alberto I e à rainha Elisabeth. Os monarcas vieram ao Brasil em 1920, na primeira visita de Estado recebida pela República.
"O rei retornou dessa visita com uma ideia de que a Bélgica, com muita capacidade em minas e ferrovias, tinha muito a fazer no Brasil. Tanto que, em 1922, foi fundada a mineradora Belgo-Mineira", destacou o cônsul-geral, Bernard Quintin.
A visita de Alberto e Elisabeth durou seis semanas e, em homenagem à passagem deles, foi inaugurada a Avenida Rainha Elisabeth e um busto do rei na esquina com a Rua Conselheiro Lafaiete. No ato de hoje, flores foram deixadas sob a estátua e fotos da visita foram dispostas em uma exposição, que foi vista pelo bisneto de Alberto I, o rei Philippe, e pela rainha Matilde, que hoje ocupam o trono do país. A banda do Grupamento dos Fuzileiros Navais tocou o hino da Bélgica e o do Brasil e os chefes de Estado foram recebidos pela primeira-dama do Rio, Maria Lúcia Horta Jardim.
O subsecretário de relações internacionais da secretaria de Casa Civil do governo do Rio, Pedro Spadale, acompanhou a visita e destacou as expectativas de novas parcerias entre os dois países. "Hoje teremos um almoço de trabalho em um hotel do Rio, voltado para os Jogos Olímpicos, com autoridades e empresas belgas e brasileiras. A ideia é aprofundar a parceria no plano político e econômico", disse ele, explicando que as relações comerciais entre o Brasil e a Bélgica cresceram nos últimos cinco anos.
Já o coordenador de relações internacionais da prefeitura, Laudemar Aguiar, disse que será apresentado aos belgas o projeto da cidade para os jogos, na busca de cooperação na área de tecnologia e de infraestrutura. "Eles vão mostrar o que interessa a eles na parte de infraestrutura. É um encontro que tem um lado histórico-político e um lado empresarial". Junto com a realeza, estavam na comitiva integrantes do governo belga, como os ministros da Defesa e das Relações Exteriores.
Além das autoridades, o rei e a rainha da Bélgica encontraram uma carioca que também guardava parte da história da passagem de seus antecessores pelo Brasil. Hyene Kurcinak, de 69 anos, é filha de Raimundo Ferreira da Silva, um marinheiro que, aos 17 anos, participou da tripulação que trouxe a família real ao Brasil e a levou de volta para a Europa.
O percurso foi registrado em um diário de bordo que ela guardou por anos, sem saber do que se tratava até o dia em que descobriu que seu pai havia transportado a rainha que dava nome à sua rua e o rei, cujo busto estava exposto em sua esquina. Hyene se mudou há dois anos.
Vizinha do monumento, a guia de turismo Andrea Costa, acordou com a banda que tocava no evento. "Meu marido falou: levanta que os reis da Bélgica estão chegando. E ficamos todos aqui, animados. Como o monumento fica em uma esquina, muita gente não olha e passa direto. Um dia, voltando do supermercado, eu parei e li que a rainha Elisabeth homenageada é a da Bélgica e não a rainha Elizabeth II, da Inglaterra". Ela e muitos curiosos acompanharam a cerimônia e aplaudiram a quando o rei inaugurou a placa, que diz "Rainha da Bélgica e incentivadora das artes".
"Foi uma coincidência eu vir morar nessa esquina em 2009. Quando vi uma homenagem aqui certa vez, resolvi pegar esse manual e ver do que se tratava. E li tudo sobre essa viagem, que levou meses. Papai morreu quando eu era muito nova e eu achei que essa condecoração era só um broche", conta ela, que teve a oportunidade de mostrar os objetos a Phlippe e Matilda. "Eles foram muito simpáticos. Fiquei muito emocionada."