Polícia apura se houve omissão de socorro na morte de fotógrafo no Rio
A morte do fotógrafo Luiz Cláudio Marigo está sendo investigada pelo delegado Roberto Gomes, titular da 9ª Delegacia de Polícia (DP), no Catete, zona sul do Rio, que instaurou inquérito policial para apurar o caso. Para o delegado, os envolvidos podem responder pelo crime de homicídio. O fotógrafo morreu vítima de infarto, depois de passar mal, na manhã de ontem (2), dentro de um ônibus, e não receber atendimento no Instituto Nacional de Cardiologia (INC), em Laranjeiras, na zona sul, cujo apoio foi solicitado pelo motorista e pelo cobrador do veículo. O ônibus passava em frente à unidade especializada em tratamento cardíaco.
No inquérito, a polícia vai ouvir também duas testemunhas e o socorrista do Corpo de Bombeiros que atendeu o fotógrafo no ônibus. A investigação vai identificar, ainda, os médicos que estavam de plantão no INC para prestarem depoimento. Antes de seguirem para a delegacia do Catete, as apurações estavam sendo feitas na 10ª DP, em Botafogo, também na zona sul. Lá foram ouvidos o motorista e o cobrador do ônibus, onde o fotógrafo morreu.
Em nota, o INC informou que uma senhora chegou à recepção do hospital pedindo atendimento a um cidadão que estava passando mal na rua. Segundo o instituto, por não ter sido dimensionada a gravidade do caso, o segurança do hospital a orientou a chamar o serviço de emergência móvel, uma vez que o INC não tem unidade de emergência. Os funcionários do instituto participam da greve nas unidades federais de saúde.
Ainda conforme a nota, nesse intervalo de tempo, a equipe de saúde de uma ambulância que trazia um paciente ao instituto foi acionada por passageiros do ônibus onde estava o fotógrafo. “Esses profissionais entraram no veículo e, ao constatar que se tratava de uma parada cardíaca, imediatamente iniciaram as manobras de ressuscitação até a chegada da equipe médica do Corpo de Bombeiros, que assumiu o atendimento. Assim que tomou conhecimento da urgência, uma equipe médica do INC foi ao ônibus, onde ficou à disposição para prestar depoimento", informou o INC.
O hospital informou que a remoção imediata de Luiz Cláudio para o INC não ocorreu porque o protocolo de reanimação cardíaca não recomenda a mobilização do paciente nesta circunstância, mas assegurou que foi disponibilizado um leito no CTI do hospital para atendimento em caso de sucesso na reanimação. A instituição esclareceu também que as equipes de segurança e da recepção do instituto são treinadas para encaminhar os casos de urgência que chegam à unidade para o serviço de ambulatório, de segunda-feira a sexta-feira até as 17h. Após esse horário e nos fins de semana e feriados, é acionada a equipe médica de plantão do CTI, que segundo a instituição está disponível 24 horas.
A nota informou também que, na manhã de ontem, quatro pessoas em situação de emergência chegaram ao instituto e foram atendidas pela equipe médica do ambulatório para tratamento especial. No mesmo dia, ocorreram 223 consultas ambulatoriais, configurando o funcionamento normal da instituição, apesar da greve.
Também em nota, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) informou que vai apurar o caso, mas acrescentou que o atendimento na emergência e urgência dos hospitais federais está sendo assegurado, assim como ocorre aos pacientes com câncer e com doenças crônicas.
Fonte: Responsáveis por falta de atendimento a fotógrafo podem responder por homicídio