Encontro para debater Oriente Médio pede mais divulgação por parte da imprensa
Os sindicatos dos jornalistas do município e do estado do Rio de Janeiro e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) promoveram hoje (18) um debate para discutir o conflito entre Israel e a Palestina. O evento teve ainda o objetivo de prestar solidariedade às vítimas das ofensivas que, em 11 dias, já provocaram as mortes de 286 palestinos e 12 israelenses.
Participaram das discussões em torno do assunto a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora do tema Oriente Médio, Beatriz Bissio; o presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI, Mário Augusto Jakobskind; e a professora Marta Pinheiro, diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) e integrante do Comitê de Solidariedade ao povo palestino.
Jakobskind defendeu que a imprensa brasileira se posicione e comece a entender que o mundo hoje é um só, por isso o tema precisa ser mais analisado e divulgado. “Não se pode separar o que acontece na Palestina, o que acontece no Brasil”, disse, completando que este era um dos motivos da realização do encontro: analisar mais detidamente o tema.
O representante da ABI disse que é preciso também um posicionamento mais veemente do governo brasileiro com relação à questão. “A presidenta [Dilma Rousseff] já se posicionou dizendo o que está acontecendo lá, mas é necessário também que governos como o do Brasil se posicionem mais enfaticamente para acabar com o banho de sangue”. Jakobskind relembrou que, dentre as barbaridades que se tem registrado nos últimos dias, devido aos ataques, houve, entre as vítimas, um bebê de 3 meses.
Marta Pinheiro disse que falta equilíbrio nas discussões e que nem a Organização das Nações Unidas (ONU) tem ouvido o povo palestino, em uma problemática que não começou agora. “Há muito tempo esses bombardeios acontecem, esporadicamente e persistentemente”, disse. A professora criticou ainda a participação do Egito na busca de entendimentos entre Israel e a Palestina. Para ela, o país também não está disposto a encontrar uma solução que ponha fim aos conflitos.
A professora Beatriz Bissio, que esteve no Oriente Médio há pouco tempo, reconheceu que há sofrimento também no lado de Israel, mas acrescentou que é desproporcional a comparação entre os dois lados. “Somente poderemos pensar em uma região que viva em paz quando os direitos da população palestina forem respeitados”, indicou.
Na avaliação da pesquisadora, a paz na região tem que ser conseguida com base na Justiça, "no reconhecimento dos direitos legítimos dessas populações, das diferenças, das tradições culturais e da riquissima história dessas populações", analisou.