Estrangeiros presos no DF podem ter ligação com esquema de venda de ingressos
A Copa do Mundo chegou ao fim ontem (13), mas, a exemplo do Rio de Janeiro, no Distrito Federal a Polícia Civil promete continuar investigando a ação de estrangeiros suspeitos de integrar um esquema criminoso de venda irregular de ingressos do Mundial.
"Mesmo terminada a Copa, as investigações vão continuar", disse à Agência Brasil o delegado Jefferson Lisboa, da Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, à Ordem Tributária e a Fraudes (Corf).
"Já temos elementos suficientes para provar que se trata, no mínimo, de um esquema de associação criminosa – quando três ou mais pessoas se reúnem para praticar um crime. Disso não temos dúvidas. O que estamos fazendo agora é tentar reunir elementos para provar que se trata não só disso, mas sim de uma organização criminosa, na qual cada integrante tem uma função predefinida", adiantou o delegado. A Polícia Civil investiga como os suspeitos obtiveram tantos ingressos originais e se há alguma relação entre o esquema investigado na capital federal e os fatos denunciados no Rio de Janeiro.
No dia 23 de junho, policiais brasilienses prenderam, nas imediações do Estádio Nacional de Brasília, o Mané Garrincha, 11 pessoas que vendiam ingressos para a partida Brasil e Camarões. Além de sete brasileiros que, segundo o delegado, ofereciam entradas falsas, foram detidos dois holandeses, um polonês e um britânico. Na ocasião, o delegado informou não ter encontrado vínculo entre os brasileiros (paulistanos, em sua maioria) e os estrangeiros, que ofereciam ingressos originais e nominais a preços que variavam entre R$ 800 e R$ 1,5 mil.
Apenas o britânico e o polonês tinham em mãos mais de 350 ingressos originais. "Isso chamou muito a nossa atenção. Como eles conseguiram essa quantidade de ingressos?", ponderou o delegado, que não adiantou mais detalhes da investigação, instaurada após as prisões em flagrante.
Poucos dias depois do jogo entre Brasil e Camarões, os policiais brasilienses detiveram um português com 50 ingressos originais e dois turcos com 140 entradas. "Os dois alegam trabalhar para um site europeu que pratica uma espécie de cambismo. A pessoa comprava o ingresso pelo site e as entradas eram entregues em todo o Brasil".
As prisões em Brasília ocorreram semanas antes de o Ministério Público do Rio de Janeiro tornar público que já vinha apurando um esquema de venda ilegal de ingressos – investigação que, graças a escutas telefônicas feitas com autorização judicial, resultou na decretação das prisões de 11 pessoas, entre elas o diretor da empresa Match, Raymond Whelan, que só hoje (14) se apresentou à Justiça, após ter sido declarado foragido. A Match é uma empresa autorizada pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) a comercializar os bilhetes para os jogos do Mundial.
"Se julgarmos necessário, pediremos as prisões das pessoas que concluirmos estarem envolvidas com estelionato ou cambismo. Caso se trate de um estrangeiro que já tenha deixado o país, ele poderá ser preso pela Interpol em qualquer país que tenha acordo de extradição com o Brasil", acrescentou o delegado.
Os estrangeiros detidos em Brasília são os holandeses Ramaekers Franciscus Leonardus, 46 anos, e Onno Johan Willem, 24; o polonês Tomas Kamil Jablonski, 26; o britânico Tariq Saeed Khan, 32 anos; o português José Daniel Rodrigues de Caires, 29, e os turcos Serkan Oztorun, 26, e Keremcan Baser, 26 anos. A Agência Brasil não conseguiu confirmar se todos já foram liberados pela Justiça para responder aos crimes em liberdade durante a investigação.
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