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Polícia apura se outros servidores ajudavam nas fugas de presos no Maranhão

Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 15/09/2014 - 18:34
Brasília

Após prisão temporária, hoje (15), do diretor da Casa de Detenção do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA), Cláudio Barcelos, a Polícia Civil e as secretarias de Segurança Pública (SSP) e de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap) do Maranhão querem saber se outros servidores ou funcionários ajudavam nas fugas de presos do maior estabelecimento prisional do estado.

Investigado há mais de um ano, Barcelos é acusado de facilitar a fuga de presos e de permitir que, mediante cobrança, detentos deixassem a Casa de Detenção e retornassem após cometerem crimes encomendados por lideranças das organizações criminosas locais. Entre os presos a quem o diretor teria facilitado a fuga estão os assaltantes de bancos Paulo Leandro Maciel da Silva, Rodrigo Bezerra Lima Nunes e José Wilson Pereira.

Além da detenção de Barcelos em seu próprio gabinete, na Casa de Detenção, policiais civis da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) apreenderam documentos e computadores em sua casa. Barcelos já foi afastado do cargo e prestou depoimento na Seic. A corregedoria da Sejap instaurou procedimento administrativo para apurar os fatos.

Logo após a prisão de Barcelos, o vice-presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do estado, César Castro Lopes, disse à Agência Brasil que o episódio revela que, ao contrário do que já declararam o secretário de Justiça e Administração Penitenciária, Sebastião Uchôa, e pessoas próximas a ele, a eventual corrupção de agentes e inspetores penitenciários concursados não é a principal causa das constantes fugas, rebeliões e assassinatos de presos.

“A crise do sistema penitenciário maranhense tem uma única causa: falta gestão”, disse o sindicalista. Segundo ele, “a maioria dos responsáveis pelas unidades mais problemáticas do estado – como as que compõem o Complexo de Pedrinhas – não faz parte do quadro de servidores de carreira da administração penitenciária. São pessoas de confiança do secretário e do governo. Logo, também podemos dizer que a principal fonte de corrupção, se houver, não está entre os servidores, mesmo que seja confirmado o envolvimento de algum deles”.

No seu entender, o governo estadual tem alocado recursos suficientes para ao menos reduzir parte dos problemas, como a superlotação de estabelecimentos penitenciários, e recebido apoio federal, como a presença, no interior do Complexo de Pedrinhas, de soldados da Força Nacional, e ressalta que há pouco menos de um ano o sindicato entregou a Uchôa um documento com sugestões para tentar conter a crise do sistema penitenciário maranhense.

Entre as principais sugestões estava a contratação, por meio de concurso público, de mais agentes e inspetores penitenciários, e a regionalização do sistema para que os presos possam ser mantidos próximos às suas famílias – o que pode ajudar a diminuir o grau de insatisfação dos detentos e, portanto, a chance de rebeliões. Segundo o próprio Lopes, a principal recomendação era justamente aquela que o sindicato considerava mais urgente e de mais fácil implementação: separar os integrantes das duas facções criminosas que disputam o controle do narcotráfico no estado.

Procurada, a Sejap informou, por meio de sua assessoria, que não comentaria as críticas do sindicato. Por motivos de segurança, o governo maranhense também não quis comentar a estratégia de combate às organizações criminosas e os planos de ampliação das vagas no sistema carcerário.