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Cardozo vai a Santa Catarina para discutir ações contra onda de ataques

Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 03/10/2014 - 18:30
Brasília

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o governador em exercício de Santa Catarina, Nelson Schaefer Martins, reúnem-se ainda hoje (3), em Florianópolis, para discutir ações de combate à onda de ataques a ônibus, delegacias e postos policiais que ocorrem em várias cidades catarinenses desde o último dia 26. Segundo a assessoria do Ministério da Justiça, Cardozo viajou ao estado acompanhado da secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, e do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello.

A informação sobre a ida do ministro a Florianópolis foi divulgada, há pouco, pelo governador em exercício. Em entrevista coletiva, Martins garantiu que a “reação” do Poder Público será “rápida” caso ocorram novos ataques. De acordo com o governador, a segurança dos eleitores e a normalidade da votação nas eleições de domingo (5) será garantida com a mobilização de toda a força policial. Ele admitiu a possibilidade de o estado pedir o reforço da Força Nacional de Segurança Pública – o governo estadual já havia recusado a oferta do ministério, apresentada nesta semana pela secretária Regina Miki.

Apesar da manifestação do governador, a prefeitura da capital anunciou que  de hoje a domingo, os ônibus que atendem à Grande Florianópolis funcionarão com um esquema especial. Hoje, pela quarta noite consecutiva, o sistema de transporte opera normalmente até as 19h. Daí em diante, a frota e a frequência dos veículos serão reduzidas, circulando apenas com escolta da Polícia Militar e da Guarda Municipal.

O serviço deverá ser normalizado amanhã (4), a partir das 6h, mas só funcionará conforme as escalas habituais até as 18h. Depois isso, haverá ônibus extras, com escolta policial, às 20h. Já no domingo, o sistema começa a operar às 7h, com término às 19h. No domingo, dia da eleição, os ônibus só rodarão entre as 7h e as 19h, apenas duas horas após o fechamento dos portões dos locais de votação.

As autoridades policiais estaduais já registraram mais de 60 ocorrênciasque podem estar associadas às ações criminosas. Mesmo assim, ontem (2), o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) decidiu não pedir a presença de tropas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica para reforçar o esquema de segurança durante o primeiro turno das eleições. O presidente do tribunal, desembargador Vanderlei Romer, foi convencido de que não será preciso solicitar o reforço após a Secretaria Estadual de Segurança Pública garantir o máximo empenho para que a eleição transcorra sem problemas, inclusive no que diz respeito ao funcionamento do transporte público.

Durante a entrevista desta tarde, o governador em exercício disse que não tem condições de afirmar que a ordem para os ataques partiu do interior da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, para onde líderes de facções criminosas que atuam em Santa Catarina foram transferidos ainda em 2012, após onda de ataques semelhante à atual.

A hipótese de que a ordem tenha partido do presídio de Mossoró, chegado à Penitenciária de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, e sido repassada a integrantes da organização criminosa em liberdade, vem sendo amplamente divulgada desde que tornou-se público um áudio atribuído a um detento da penitenciária de Mossoró. O Ministério da Justiça, no entanto, nega qualquer possibilidade de comunicação entre os presos. Segundo a pasta, desde a instituição das penitenciárias federais, há oito anos, nenhum aparelho telefônico foi apreendido em nenhuma das instalações de segurança máxima.

Procuradas, as secretarias estaduais de Segurança Pública e de Justiça e Cidadania já haviam informado à Agência Brasil que ainda iriam apurar a procedência do áudio.