Rubens Paiva ganha busto em estação de metrô do Rio que leva seu nome
O ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, assassinado por militares na ditadura e cujo corpo continua desaparecido, foi homenageado hoje (12) no Rio de Janeiro com a inauguração de um busto na estação de metrô de mesmo nome dele, na zona norte da capital fluminense. Outro busto foi inaugurado em outubro, na praça em frente ao quartel do 1º Batalhão de Polícia do Exército, onde funcionava o antigo Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), na Tijuca, zona norte, onde ele foi torturado e morto, após ser detido em casa para depor.
Próximo à estação, há um conjunto habitacional construído por Rubens Paiva. “Muita gente não sabe, mas ele era um engenheiro dos bons”, comentou o diretor do Sindicato dos Engenheiros, responsável pela homenagem, Marco Antônio Barbosa. Ele contou que os bustos e as exposições itinerantes sobre Rubens Paiva são iniciativas de resgate da memória nacional, para que a população não se esqueça das atrocidades do período da ditadura e de suas vítimas.
“Queremos recontar a história do sacrifício que algumas pessoas fizeram pelo nacionalismo brasileiro. Rubens Paiva morreu por causa disso”, contou. “A juventude, daqui para frente, precisa entender o que aconteceu, ter mais conteúdo sobre isso. Porque essas manifestações defendendo a volta da ditadura são absurdas. Essa história precisa ser contada e recontada quantas vezes forem necessárias”, comentou.
Para uma das filhas de Rubens Paiva, Vera Paiva, é emocionante que a iniciativa ocorra na mesma semana de divulgação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade e da celebração do Dia Internacional de Direitos Humanos. Ela comemorou a ideia de aprofundar a história do pai em um bairro que leva seu nome. “Ele tinha muito orgulho do trabalho que ele fez aqui. Trazia a gente para ver a construção, mostrava como as casas eram boas e como o povo brasileiro merecia moradia decente. É importante que as pessoas que frequentam essa estação conheçam mais em detalhes quem foi Rubens Paiva”, declarou.
Vera ressaltou que o período da ditadura precisa ser cotidianamente relembrado e combatido para evitar que violações de direitos humanos continuem a ser cometidas por agentes do Estado. “O relatório [da Comissão Nacional da Verdade] é uma base para continuarmos a construir relatórios sobre casos que hoje em dia continuam acontecendo, de mortos, desaparecidos, presos arbitrariamente, o que afeta principalmente os mais pobres e negros”, declarou. “Isto foi produzido ao longo da ditadura e os militares nunca reconheceram que estava errado. E, 50 anos depois, estamos fazendo a mesma coisa. Se mantivermos a impunidade desse tipo de ação, nosso modo de fazer justiça continuará injusto”.
*Colaborou Joana Moscatelli, repórter da Rádio Nacional
Fonte: Rubens Paiva é homenageado em bairro que leva seu nome no Rio de Janeiro