Clima ainda é tenso no terceiro dia de tumulto em complexo prisional do Recife
Pelo terceiro dia consecutivo, presos do Complexo Prisional do Curado, no Recife, amanheceram fora das celas, circulando livremente pelo pátio e sobre o telhado de um dos prédios da maior unidade carcerária do estado. A própria Secretaria Executiva de Justiça e Direitos Humanos reconheceu que, embora mais tranquila que nos últimos dois dias, a situação ainda não está normalizada. Policiais militares estão de prontidão no entorno do complexo.
Diretores da unidade e representantes do governo estadual continuam negociando as reivindicações dos presos para tentar pôr fim aos tumultos. Ontem (20), o secretário executivo de Ressocialização, Eden Vespasiano, deixou o local por volta das 22h. Mais cedo, Vespasiano e o secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico, inham entrado no complexo e conversado com um grupo de dez presos que apresentaram as reivindicações dos demais detentos.
Desde a última segunda-feira (19), o Curado – antigo Presídio Aníbal Bruno – é palco de tumultos que já deixaram três mortos e dezenas de feridos. Um dos mortos foi o sargento da Polícia Militar Carlos Silveira do Carmo, de 44 anos. Os outros dois eram apenados – um deles, morto ontem (20).
Apesar dos mortos e feridos e das imagens de presos circulando livremente com facas e facões improvisados, o governo estadual classifica o fato de “tumulto”. Segundo o governo, a situação está sob controle. e a força policial só será empregada em último caso, se estritamente necessário. As visitas de parentes e amigos dos presos estão suspensas.
Os detentos se queixam da lotação da unidade e exigem rapidez no julgamento dos processos dos presos que aguardam julgamento ou que pedem revisão de suas penas.
O governo estadual prometeu adotar algumas medidas para melhorar as condições em todo o sistema prisional. O secretário executivo de Ressocialização anunciou a contratação imediata de 132 agentes de segurança penitenciária já aprovados em concurso; a entrega de novas unidades prisionais – como os complexos de Tacaimbó e de Santa Cruz do Capibaribe e de Araçoiaba - e o aumento do número de equipamentos de monitoramento eletrônico dos reeducandos, entre outras.
Duas das medidas de curto prazo já anunciadas são a construção de um muro e a instalação de alambrados na parte superior da muralha para impedir que pessoas lancem, de fora para o interior do complexo, materiais que possam ser usados na confecção de armas como facões improvisados. Aproximadamente R$ 4 milhões serão gastos, e a expectativa é que o muro e o alambrado fiquem prontos em até 120 dias.
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