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Secretário renuncia após flagrante de facões e celulares em presídio do Recife

Da Agência Brasil
Publicado em 07/01/2015 - 17:57
Brasília

O secretário executivo de Ressocialização de Pernambuco, Humberto Inojosa, responsável pelo sistema prisional do estado e subordinado à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, renunciou hoje (7). A carta-renúncia foi entregue três dias após o programa NETV, da TV Globo, exibir imagens de detentos do Complexo Prisional do Curado, no Recife, utilizando facões e celulares dentro do presídio.

A Secretaria de Ressocialização informou que a decisão é por motivos pessoais e não tem relação com a divulgação das imagens. À tarde, Éden Vespaziano, coronel reformado da Polícia Militar de Pernambuco, foi anunciado como novo secretário.

O  Complexo do Curado é formado por três unidades. As imagens foram gravadas no presídio Marcelo Francisco de Araújo e mostram detentos andando livremente com facões e usando celulares. Uma briga também foi registrada. O presídio tem 1,9 mil presos, mas a capacidade é para 465, informa a Secretaria de Ressocialização.

De acordo com a secretaria, o complexo tem capacidade para aproximadamente 2,1 mil detentos, mas abriga 7 mil. A assessoria da pasta atribui a superlotação ao tamanho da população carcerária do estado. No último domingo (4), agentes penitenciários encontraram um túnel em um dos presídios do complexo. Para a secretaria, a descoberta evitou uma fuga em massa.

Em dezembro, o Ministério Público (MP) de Pernambuco entrou com ação judicial pedindo a interdição do complexo. Conforme o documento, Pernambuco tem 10,5 mil vagas nos presídios, que recebem quase 30 mil detentos.

“Apesar da recente contratação de agentes, muitos pediram exoneração. Estava prevista a construção de um presídio, que não ocorreu. Esses problemas, e mais o da saúde, levaram o MP a pedir a interdição”, disse à Agência Brasil a promotora de Execuções Penais Irene Cardoso Sousa.

Segundo ela, o objetivo da ação do MP é chamar a atenção para os problemas no complexo. Irene acrescentou que os agentes penitenciários não podem ser vistos como culpados pela presença de facões e celulares no presídio. “Fazer uma revista é uma missão quase impossível. O número de agentes penitenciários e de vagas nos presídios não acompanhou o crescimento da população carcerária. O Estado não consegue promover ações para resolver esses problemas”, concluiu.