logo Agência Brasil
Geral

Ato em defesa do Rio Carioca marca o Dia Mundial da Água na capital fluminense

Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 22/03/2015 - 16:37
Rio de Janeiro

O Dia Mundial da Água, comemorado hoje (22), teve ato em defesa do Rio Carioca, no Rio de Janeiro, o primeiro rio urbano do Brasil. O ato foi promovido pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Planeta.com. A presidenta da Oscip, Silvana Gontijo, explicou que o ato é fruto do projeto “Carioca, o rio do Rio”.

A manifestação foi feita no Reservatório Mãe D'água, em Santa Teresa, zona sul, construído na época do Império de dom Pedro II, no século 19, atualmente desativado e em mau estado de conservação.

Os manifestantes reivindicaram a proteção dos mananciais, a despoluição e a prevenção de riscos, a educação sobre o tema nas escolas, a recuperação do patrimônio histórico cultural e ambiental, a renaturalização do rio e o replantio das florestas que ficam nas margens.

“Queremos o rio limpo e que ele apareça em vários pontos, o que é possível. Hoje ninguém mais vê o rio, que está submerso e poluído”, destacou Silvana Gontijo. “Mas isso tem que vir acompanhado de uma educação. Estive na Dinamarca aprendendo como eles conseguiram limpar todos os seus rios, lagoas e enseadas e tudo começou pela educação”, ressaltou.

Silvana lembrou de várias obras de urbanismo importantes da cidade feitas por causa do Rio Carioca. “Os Arcos da Lapa foram a maior obra de saneamento da América Latina [para transportar as águas do Carioca]. A captação daquela água e a transmissão para os chafarizes foram obras também muito importantes”.

Morador da comunidade de Cerro Corá, o agente comunitário Ricardo Rodrigues, 32 anos, fez um protesto em grafite pela despoluição do Rio. Segundo ele, o maior desafio é conscientizar a população que vive em beiras de rios e lagoas sobre a importância de cuidar das águas.

“Vemos no rio geladeira, fogão e até [restos de] casa. A pessoa destrói uma casa para construir outra e joga todo o entulho dentro do rio. Infelizmente é assim que funciona”, lamentou o agente comunitário.

O presidente da Associação dos Moradores de Guararapes, Eduardo Silva, explicou que a recuperação do Carioca é prioridade dos mais de 5 mil moradores da comunidade, que utilizam a água do rio. “A comunidade vive dessa água, além disso é um rio histórico e não pode secar de jeito nenhum. Se hoje somos chamados de carioca é graças a ele”, ressaltou.

O grupo pretende pressionar os governantes para que seja elaborado um projeto de lei que responsabilize criminalmente órgãos públicos pela poluição dos rios em todo o estado.

“As nascentes são responsabilidade do Instituto Chico Mendes [ICMBio, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]. Desce um pouco [a parte depois da nascente] e quem cuida é a Cedae [Companhia Municipal de Água e Esgoto]. Desce mais um pouco [e quem cuida] é a Rio Águas [Fundação Instituto das Águas do Município do Rio de Janeiro]. A Comlurb [Comapnhia Municipal de Limpeza Urbana] é responsável pela limpeza. Costumo dizer que cachorro que não tem dono não come”, observou a presidenta do Planeta.com, referindo-se à extensa lista de instituições responsáveis pela gestão das águas do Rio Carioca.

Com organização e planejamento, segundo ela, é possível despoluir os rios fluminenses. “Os rios do Maciço da Tijuca dão conta de abastecer um contingente enorme da população e nós estamos indo buscar água lá no Guandu, o que é maluco”, explicou Silvana.

Após o encontro no reservatório da Mãe D'água, o grupo caminhou pelo leito do rio por cerca de uma hora até o Largo do Boticário, no Cosme Velho, na zona sul, onde ele aparece na superfície, embora já poluído. Depois, o percurso do rio segue por baixo do asfalto de ruas do Cosme Velho, das Laranjeiras e do Conde de Baependi, até desaguar na Praia do Flamengo, zona sul.