SP: especialista diz que chuva ainda é insuficiente para aliviar racionamento
Mesmo com toda a chuva que, desde o fim de fevereiro atinge o Sudeste, e com o aumento gradual do nível do Sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo, ainda não é possível abrir mão de uma gota e aliviar a população do racionamento. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Dante Ragazzi Pauli, que também é assistente executivo da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Ao participar de encontro hoje (23), no Rio de Janeiro, sobre dessalinização de água oceânica, ele disse que, em fevereiro, o volume de chuvas foi muito bom e que isso repetiu-se em março. Em função disso, algumas autoridades têm dito que, mantido o nível de chuvas, será possível tocar muito bem este ano, embora "dependa do volume”, frisou. Pauli lembrou que, no ano passado, também se esperava melhor regime de chuvas, que não se concretizou. “Não podemos abrir um milímetro de guarda, a situação é crítica”, reforçou, sobre o volume do sistema, que subiu de 16,6% para 17,1%.
Atualmente, consumidores atendidos pelo Sistema Cantareira, que abastece cerca de 6 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, enfrentam racionamento, com redução da pressão na água liberada às casas e a consequente interrupção do abastecimento em parte do dia. Com redução da pressão, a água não tem força para chegar às torneiras de todos os consumidores.
Durante o evento sobre dessalinização da água, como opção para enfrentar crises hídricas, Dante Pauli também comentou a proposta da Agência Nacional de Águas (ANA), de estabelecer limites para captação de água dos reservatórios, a depender do nível dos sistemas. Com a mudança, quando o reservatório estiver cheio, a retirada poderá ser maior do que quando o nível for baixo ou crítico, explicou o presidente do órgão, Vicente Andreu.
“A ANA, tecnicamente, é um órgão sério que, retirando as questões políticas, que sempre tem, age de forma equilibrada. Então, [essa proposta] me parece clara: se tem água, consome-se, se não tem, vamos segurar, parece interessante”, disse Dante Pauli. Para ele, qualquer mudança na captação deve ser debatida com os órgãos estaduais de meio ambiente.
Pauli ressaltou que a crise hídrica é um divisor no comportamento do brasileiro em relação ao uso da água. “O consumo que de 2013 nunca mais vai ocorrer. Banho de banheira, nem pensar. A lógica de consumo está se transformando em uso racional.” Ele reforçou que é preciso reduzir tanto o consumo de água nas indústrias quanto as perdas no próprio sistema de abastecimento.
Fonte: Chuvas não vão aliviar racionamento em São Paulo, diz especialista