Estudantes ocupam reitoria da PUC-SP contra cortes orçamentários
Estudantes ocupam, desde a noite de ontem (17), a reitoria da Universidade Pontifícia Católica de São Paulo (PUC-SP), em Perdizes, zona oeste paulistana. Os alunos protestam contra cortes no orçamento, o que levou à demissão de professores, pedem a volta do subsídio do restaurante universitário e abertura do diálogo com a direção da universidade.
Segundo o movimento estudantil, 400 pessoas participam do ato. A universidade estima que 100 pessoas estejam na ocupação. As aulas não foram suspensas.
A instituição qualificou a ação de ilegal e criminosa e informou que está tomando medidas legais para a reintegração de posse das salas da reitoria.
A PUC-SP argumenta que os desligamentos de docentes correspondem a 3% do efetivo e que a verba liberada foi destinada para pesquisa. Em nota, a universidade aponta “como estopim da invasão o duro e necessário trabalho que vem realizando para combater a realização de festas e o consumo de substâncias ilícitas dentro do campus Monte Alegre”.
Embora a universidade ressalte a proibição de festas no campus, publicada em norma no mês de fevereiro, como principal motivação para os protestos, o rol de reivindicações dos estudantes não inclui este tema. “Essas movimentações passaram a ocorrer depois desse fato, inclusive com a ameaça de invasão da reitoria”, explicou Cláudio Junqueira, assessor de comunicação da PUC-SP.
Segundo o estudante de jornalismo Bruno Matos, da comissão de comunicação da ocupação, o movimento exige o esclarecimento dos cortes no orçamento da universidade. “Pedimos uma audiência pública, mas só enviaram um representante da contabilidade da Fundação São Paulo [a Fundasp, mantenedora da PUC-SP].” Marcada para o dia 12 de março, a audiência não ocorreu. A universidade alega que enviou um representante que poderia esclarecer como são estabelecidos os dados orçamentários.
O pró-reitor de Cultura e Relações Comunitárias, Jarbas Nascimento, rejeita a acusação de falta de transparência nas contas da universidade. “Somos auditados pelo Ministério Público e por consultores internacionais”, afirmou. Ele disse que a universidade está aberta ao diálogo, mas que isso exige vontade política das duas partes. Perguntado se houve tentativa de negociação com os estudantes antes de recorrer à Justiça para buscar a medida de reintegração de posse, Nascimento respondeu que a PUC-SP não foi procurada pelos alunos.
Bruno Matos destacou que houve várias tentativas de diálogo. “Um dos encaminhamentos da assembleia estudantil de hoje foi procurar a reitoria e a Fundasp para apresentar a nossa pauta.” Ele criticou a falta de transparência e de diálogo por parte da instituição, sobretudo, após o aprofundamento da crise financeira da universidade em 2006.
“É uma contradição porque todos os anos aumenta-se a mensalidade, fazem-se cortes, mas a crise é sempre justificativa”, queixou-se o estudante. Para ele, a despeito da tradição democrática da instituição, a autonomia financeira e acadêmica da PUC-SP foi prejudicada pela atuação da mantenedora.
A Agência Brasil procurou a assessoria de imprensa da Fundasp, mas o telefone informado no site não atendeu.
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