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Funcionários da Santa Casa de São Paulo protestam por atraso de salários

Fernanda Cruz - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 27/03/2015 - 11:52
São Paulo

Médicos, enfermeiros, profissionais da saúde e funcionários da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo fizeram protesto na manhã de hoje (27), reivindicando o pagamento de salário e décimo terceiro (com as respectivas multas por atraso), que não foi feito no fim do ano passado, por causa da grave crise financeira por que passa a instituição.

Segundo estimativa dos sindicatos, pelo menos 120 manifestantes percorreram as dependências da Santa Casa e promoveram panfletagem ente os funcionários da entidade. O ato durou 36 minutos e foi em repúdio à proposta da direção do hospital, que sugeriu o pagamento dos valores devidos parcelados em 36 vezes. "Nós não aceitamos isso. Em 36 meses, dá R$ 100 [por mês], e as dívidas dos trabalhadores, em que correram juros, não daria para pagar em 36 meses. Seria inadmissível aceitar", disse Anuska Pitunci, uma das diretoras do Sindicato dos Enfermeiros do Estado (Seesp).

Ela acrescentou que alguns funcionários receberam o décimo terceiro e o salário de dezembro, mas outros, não. O sindicato não soube informar quantos deles ainda estão sem receber. "Pedimos a relação nominal dos trabalhadores, setores em que trabalham e se receberam o valor do salário. Faz mais de três meses que pedimos, para realmente saber o montante que é devido a cada um, mas, até agora, nada". Na Santa Casa trabalham 600 enfermeiros.

Segundo Anuska, representantes das entidades sindicais dos profissionais de saúde formaram uma comissão, por intermédio da Superintendência Regional do Trabalho, para acompanhar a venda de um prédio que pertence ao hospital. O imóvel, avaliado em RS 60 milhões, foi colocado à venda para ajudar a liquidar as dívidas trabalhistas da entidade. Ela conta, porém, que o prédio recebeu apenas uma oferta, no valor de R$ 40 milhões, que não foi aceita. A comissão funciona por 30 dias, avaliando as negociações entre a diretoria do hospital e possíveis compradores.

Os enfermeiros não descartam uma paralisação. Ontem (26), em assembleia, os médicos rejeitaram a paralisação, pois isso poderia comprometer a assistência à população. A categoria decidiu esperar o prazo de 30 dias para avaliar a evolução da venda do imóvel.

Péricles Batista, diretor do Seesp, teme que profissionais sejam demitidos. "As demissões estão sendo voluntárias, as pessoas estão pedindo as contas pelas péssimas condições de trabalho e sobrecarga, falta de insumos. Tudo isso tem acontecido aqui dentro. A maior prejudicada é a população", afirmou.

A Agência Brasil entrou em contato com a Santa Casa e aguarda um pronunciamento da direção sobre o assunto.