Debate sobre violência marca Dia Nacional da Mulher na Baixada Fluminense
Para marcar o Dia Nacional da Mulher, comemorado hoje (30), a organização não governamental (ONG) Casa da Cultura da Baixada Fluminense promoveu o encontro Violências Cotidianas Sofridas pelas Mulheres da Baixada, em São João de Meriti, que reuniu representantes da Organização das Nações Unidas (a ONU Mulheres para o Brasil) e da embaixada da Austrália com ativistas do Rio de Janeiro.
Elas compartilharam experiências e exemplos colhidos em diferentes culturas e discutiram alternativas para o enfrentamento da violência doméstica e de gênero. Um dos principais pontos do debate foi o impacto de políticas públicas sobre a vida das mulheres.
A assessora de Raça e Gênero da Casa de Cultura, Leila Regina Soares, pediu maior atenção e investimentos do Poder Público no combate às diferentes formas de violência. As melhores formas de enfrentamento da questão, segundo ela, passam por mais ações de inclusão social e mais recursos financeiros em cada município, além de "reforçar as medidas socioeducativas e criar um observatório para monitorar essas políticas, tanto quantitativa quanto qualitativamente”.
Cláudia Mattos, presidente da Casa de Cláudia, em São João de Meriti, acredita que o principal problema envolvendo a violência doméstica e de gênero é a questão cultural. "A mudança deve ser de dentro para fora. A gente pode ter 15 delegacias por metro quadrado na cidade, mas se não conseguirmos conscientizar a mulher de que ela tem um valor social, nada irá mudar", ressaltou.
Ela acrescentou que, para ajudar a combater o problema, o governo precisa investir mais em parcerias com as instituições que tratam desse tipo de violência. "Temos que nos unir para criar uma ponte com as mulheres agredidas, verbal e fisicamente. Mais psicólogos e um trabalho mais contundente de educação pode ajudar a fazê-las entender que elas não merecem a violência [sofrida]. Está faltando fazer com que elas saiam de casa e [procurem] uma delegacia de mulheres com a capacidade de denunciar", disse.
A comemoração do Dia Nacional da Mulher coincide com a liberação da décima edição do Dossiê Mulher, elaborado pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro. O dossiê mostra que o número de mulheres assassinadas no estado do Rio cresceu 18% em 2014, na comparação com o ano anterior, e a maior ocorrência desse tipo de crime foi em cidades da Baixada Fluminense. Principalmente Mesquita e Duque de Caxias que, somadas, tiveram aumento 65% em crimes co0ntra a mulher, comparado a 2013.
O documento também mostra que as mulheres são a maioria das vítimas em crimes como agressão (no qual elas são 64%), ameaça (65,5%) e injúria, calúnia ou difamação (73,6%).