MP vai pedir internação provisória de jovem acusado de matar ciclista no Rio
A 2ª Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude em Matéria Infracional do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) vai entrar com representação na Justiça, com requerimento de internação provisória, do jovem de 16 anos, acusado de participação na morte do médico Jaime Gold, na terça-feira (19), na Lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul do Rio. De acordo com o MP, a representação é por ato infracional análogo ao crime de latrocínio.
O médico morreu depois de ser ferido a facadas durante um assalto realizado, segundo testemunhas, por dois adolescentes que levaram sua bicicleta. De acordo com os relatos, o ataque ocorreu por volta das 19h30, quando Jaime Gold andava de bicicleta na ciclovia da Lagoa.
O adolescente prestou depoimento hoje à promotora Luciana Benisti, no Fórum de Olaria, no subúrbio do Rio. O MP informou que o teor do depoimento não pode ser divulgado, porque o processo corre em segredo de Justiça. A mãe do jovem, Jane Maria da Silva, esteve no Fórum, mas não quis dar entrevistas.
A defesa do adolescente é formada por três advogados – Alberto Júnior, Djerferson Amadeus e Caroline Bispo. Na saída da audiência, após o depoimento, o advogado Alberto Júnior disse que o jovem nega ter participado do crime. “O adolescente nega qualquer participação ou autoria. Nega com propriedade. A partir de agora, a gente vai, a partir da instrução, junto com o Ministério Público, produzir as provas”, informou.
O advogado adiantou ainda que o adolescente confirmou, que no momento do crime, estava em casa, em Manguinhos na zona norte do Rio. O advogado Djeferson Amadeus disse que o caso deverá provocar debate na sociedade. “Esse caso trará algumas questões e a gente tem que refletir que tipo de sociedade a gente quer. Um estado democrático de direito ou um estado autoritário”, analisou.
A advogada Caroline Bispo disse que a defesa já esperava a representação do MP e isso não provocará mudança na estratégia de defesa. “Não [vai haver mudança]. A gente já estava esperando por isso e agora a gente vai aguardar a primeira audiência porque hoje foi a oitiva”, disse.
O MP informou também que após decisão judicial sobre pedido da internação provisória e recebimento da representação, começa a contar o prazo de 45 dias para que o processo seja julgado. A medida socioeducativa a ser adotada só pode ser decidida depois da sentença.
Segundo a Polícia Civil do Rio, o rapaz tem 15 passagens pela polícia, sendo cinco delas por uso de armas brancas como faca e navalha. O jovem vai permanecer em uma unidade do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), na Ilha do Governandor, zona norte do Rio, para onde foi levado antes da data do crime da Lagoa, por causa de outras acusações de crimes. Segundo a mãe, o adolescente tem nove inscrições criminais.
* Com colaboração de Raquel Júnia, repórter da Radioagência Nacional