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Quase um mês após desastre, famílias aguardam auxílio da Samarco

Maiana Diniz – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 02/12/2015 - 20:05
Brasília
Mariana (MG) - João Leôncio Martins, com sua casa ao fundo no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), atingido pelo rompimento de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco (Antonio Cruz/Agência Brasil)
© Antonio Cruz/ Agência Brasil
Mariana (MG) - Distrito de Bento Rodrigues foi atingido pela lama devido ao rompimento de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco (Antonio Cruz/Agência Brasil)

O distrito de Bento Rodrigues, atingido pela lama devido ao rompimento da barragem de rejeitos da mineradora SamarcoAntonio Cruz/ Agência Brasil

O representante dos moradores de Bento Rodrigues na comissão criada para representar as famílias mais atingidas pela lama de rejeitos de mineração em distritos de Mariana (MG), Antonio Pereira, disse hoje (2) à Agência Brasil que a mineradora Samarco começou a entregar o cartão de auxílio financeiro na última segunda-feira (30), mas os recursos ainda não estão acessíveis.

Em comunicado, a Samarco informou que o crédito nos cartões será realizado até o 5º dia útil de cada mês e o valor será retroativo ao dia 5 de novembro. “O auxílio financeiro não representa nenhuma indenização por perdas e danos e é pago mesmo que a família receba benefícios sociais como o Bolsa Família e aposentadoria”, informou a empresa.

A medida é uma recomendação do Ministério Público de Minas Gerais, que quatro dias após o rompimento da barragem de Fundão, no dia 5 de novembro, enviou documento à mineradora Samarco, pedindo ações imediatas de garantia dos direitos das vítimas, entre elas o pagamento de um salário mínimo por família atingida, mais um adicional de 20% para cada um dos dependentes e cesta básica.

O objetivo da medida é oferecer a essas pessoas uma alternativa para pagamentos de despesas pessoais, “como contas de cartão de crédito e prestações de eletrodomésticos, por exemplo”, disse o ex-morador de Bento Rodrigues, Antonio Pereira. “Muita gente trabalhava por conta própria e agora não tem nada”, relatou.

Segundo Pereira, além de reclamarem da demora para o início do pagamento, os moradores também avaliaram que o valor proposto é insuficiente. Ele destacou que a comissão de pessoas atingidas pediu o reajuste do valor, em encontro com o presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, nesta terça-feira (1). “Pedimos o reajuste do valor do benefício para R$ 1,5 mil reais mensais por famílias, mais 30% por dependente, além de uma verba de reestruturação no valor de R$ 10 mil reais”, afirmou.

A comissão de moradores também propôs que a Samarco dê preferência aos atingidos, no caso de contratações para as atividades de reconstrução das áreas atingidas, como a triagem de doações e a construção das casas, por exemplo. Pereira informou que a resposta oficial da Samarco às demandas das vítimas será dada em reunião marcada para esta quinta-feira (3), às 18h.

Pereira e a família viviam em Bento Rodrigues até a lama destruir todo o distrito. Ele trabalha como motorista e está comemorando o fato de não ter perdido o emprego após a tragédia, diferente da maior parte do grupo que representa. "A maioria das famílias que perderam os lares em Bento Rodrigues, Paracatu, Pedras, Camargos, Ponte do Gama e Campinas também perderam, temporariamente, a fonte de renda, e agora estão em hotéis ou moradias temporárias, dependendo da Samarco para tudo, inclusive alimentação."