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Bloco das Carmelitas desfila pedindo bonde para atender aos moradores

Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 05/02/2016 - 19:59
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro - Foliões desfilam no Bloco das Carmelitas, que percorre o bairro turístico de Santa Teresa (Fernando Frazão/Agência Brasil)
© Fernando Frazão/Agência Brasil

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Um dos blocos mais tradicionais do Rio de Janeiro, o Carmelitas saiu hoje (5) em Santa Teresa com o samba Para onde Vai esse Bonde?, cuja letra critica a volta à operação do tradicional bonde do bairro, de  forma pouco funcional para os moradores, pois o horário reduzido não atende a quem precisa descer cedo para trabalhar e volta no fim da tarde. A estimativa dos organizadores é que o bloco reúna 10 mil pessoas, que se espremem nas ruas apertadas do bairro, no centro do Rio.

Pela primeira vez no Brasil e com um grupo de quatro amigos, o canadense Robert Cumble estava impressionado com a festa. “Eu vim para o carnaval. No Canadá, temos um carnaval pequeno. Só quero me divertir”, dizia Cumble. Amigo de Cumble, Ron contou que conheceu lugares muito legais no Rio, entre praias e carnaval, e disse que o grupo seguiria na festa de bloco em bloco, mas sem nenhum específico. “Estamos sem planos, viemos passar 15 dias e estou amando o Rio, é muito legal. Aqui tem as mulheres mais bonitas que eu já vi em qualquer lugar do mundo, juro por Deus.”

Rio de Janeiro - Foliões desfilam no Bloco das Carmelitas, que percorre o bairro de Santa Teresa (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Vestida "a caráter", foliã usa a fantasia mais frequente no bloco: o véu de freiraFernando Frazão/Agencia Brasil

Moradora do Leme, na zona sul do Rio, a dentista Raquel Fabri foi "a caráter", com a fantasia mais frequente no Bloco das Carmelitas: o véu de freira. “Saio sempre no Carmelitas, adoro o carnaval dos blocos. Essa roupa é especial para o Carmelitas. Vou ao [bloco do] Carlinhos de Jesus, no Leblon, Botafogo, [ao] Boca da Espuma, vários blocos, todo dia tem uma programação.”

Vestido com o hábito completo, Cláudio Henrique é de Sete Lagoas, em Minas Gerais, e e desde 1989 passa o carnaval no Rio com um grupo de oito amigos. Apesar da roupa preta e pesada, ele tem um truque para fugir do calor, que, segundo o Alerta Rio, da prefeitura, chegou a 39°C nesta sexta-feira: usa uma sombrinha com forro refratário. “Está superconfortável. Olha aqui em baixo da sombrinha como ajuda, fica fresquinho.”

O grupo de Cláudio Henrique também desfila na Marquês de Sapucaí todos os anos. A escola escolhida para este ano foi a Salgueiro. “Não temos uma escola preferida. Normalmente, escolhemos uma no ano e vamos desfilar. Vamos a todos os blocos possíveis: Carmelitas, Banda de Ipanema, Sargento Pimenta, o Bloco da Anitta, que este ano não vai sair. E a Sapucaí também, lógico, faz parte do carnaval.”

Rio de Janeiro - Foliões desfilam no Bloco das Carmelitas, que percorre o bairro de Santa Teresa (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Bloco das Carmelitas, que atrai foilões de todas as idades, volta a sair terça-feira Fernando Frazão/Agencia Brasil

Morador da Ladeira de Santa Teresa, onde fica o convento que dá nome ao bloco e onde a turma se concentra, o engenheiro aposentado Bernard Speerschneiden não reclama da confusão na porta de casa e diz que o Carmelitas é o melhor bloco de todos. Há 40 anos no Brasil, o alemão Speerschneiden discorda da associação de moradores do bairro e da letra do samba, que critica a mudança da finalidade principal do bonde, de transporte para moradores para atração turística.

“Tenho outro ponto de vista: o bonde é um transporte clássico daqui, é para morador e para outros, mas está mal aproveitado. O morador tem três linhas de ônibus, tem escolhas. Eu acho que a exploração do bonde para o turista ainda é pouca, porque o movimento turístico em Santa Teresa está sendo visto pela maioria de forma errada."

Speerschneiden ressalta que os moradores querem o bairro para dormir. Ele considera Santa Teresa "um vilarejo" dentro do Rio de Janeiro. "Para morar, é uma beleza: há esse movimento, mas de noite não tem mais nada, pode-se dormir. O turismo tem que ser mais explorado. Para mim, só pode melhorar. A vida vai para a frente. Aqui tem muita coisa para os moradores e pouca coisa para turistas, deveria ter mais”, afirmou.

O Bloco das Carmelitas volta a desfilar terça-feira (9), com concentração às 10h, no Largo do Curvelo.