EBC precisa ser capaz de se conectar com a sociedade, diz Edinho Silva
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Edinho Silva, disse hoje (24) que faz parte de um governo que, em 2007, criou a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) como instrumento de comunicação pública destinado à construção da cidadania, ao aperfeiçoamento da democracia e à participação da sociedade.
Este, segundo o ministro, é um projeto político, estratégico. “Projeto que ainda está em fase de construção e implantação”. E será preciso “força institucional própria” para que o projeto se estenda para o futuro, “resista a eventuais trocas de governos”.
Edinho Silva esteve presente à 60ª Reunião Ordinária do Conselho Curador da EBC e colocou-se à disposição dos conselheiros para responder perguntas sobre as relações da empresa com seu ministério, ao qual está vinculada. “Defendo a autonomia da EBC porque penso que ela tem que ter relevância histórica, independente dos governos. O projeto de comunicação da EBC vai resistir se tiver capacidade de mobilização social e, para isso, é preciso oferecer um conteúdo de qualidade que faça “conexão com a sociedade”.
Essa conexão com a sociedade pode se verificar em projetos de regionalização da programação da TV Brasil e da Rádio Nacional. “Temos que ir aonde o povo está, o Brasil deve se ver em nossa programação”, disse o ministro. Como exemplo, Edinho citou a recente cobertura do carnaval (que obteve sete pontos de share no Ibope), a transmissão do desfile das escolas campeãs do Rio de Janeiro e de São Paulo e a transmissão dos jogos de futebol de juniores.
Na avaliação de Edinho, essas são iniciativas exitosas que deveriam ser seguidas como exemplo na cobertura das festas de São João, no Nordeste, e de Parintins, no Amazonas. O ministro sugeriu ainda que seja ampliada e considerada prioritária a cobertura da Paralimpíada, colocada em segundo plano nas atenções da mídia comercial. “A TV Brasil tem que entrar com muita força nessa cobertura”, afirmou.
Indagado sobre especulações de ingerência do governo no conteúdo jornalístico dos veículos da EBC, Edinho respondeu: “Não quero discutir a pauta do jornalismo, não quero ter ingerência no conteúdo. Quero participar da elaboração do futuro do projeto. Desde a posse na Secom, nunca telefonei para alguém da TV Brasil, da Agência Brasil ou da Rádio Nacional para determinar que dessem ou tirassem qualquer notícia. A autonomia editorial é absoluta”.
A vice-presidenta do Conselho Curador da EBC, a jornalista e cientista política Evelin Maciel, disse reconhecer o comprometimento do ministro com o projeto da EBC. No entanto, pontuou que o colegiado tem, em alguns pontos, uma visão que contrasta com o posicionamento de Edinho - que é um dos representantes do governo no Conselho, composto ainda por outros 21 membros de vários segmentos da sociedade e cuja atribuição principal é estabelecer a linha editorial dos veículos da empresa.
"Reconhecemos o empenho do ministro em ter um diálogo aberto com o Conselho Curador nesta fase de transição. Mas acreditamos que a EBC tem que ser muito maior do que um projeto de governo, tem que ter seus mecanismos de defesa de sua autonomia, que ela represente o que nós sabemos serem os preceitos da comunicação pública, que ela esteja baseada nesses preceitos", completou a vice-presidenta do Conselho.
Criada em novembro de 2007, a EBC é uma empresa pública responsável pelo funcionamento da Agência Brasil, do Portal EBC, de oito emissoras de rádio (Nacional e MEC), da Radioagência Nacional e da TV Brasil. A EBC opera, ainda, por contrato com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, o canal de TV NBR, o programa de rádio A Voz do Brasil, dentre outros serviços.
A reunião do Conselho Curador da EBC é aberta ao público. Ela segue até amanhã e pode ser acompanhada ao vivo pela internet.