Engenheiros e arquitetos vão dar assistência técnica à comunidade em Fortaleza
A vendedora Maria Elieuda Nascimento de Lima, 67, chegou cedo à sede da Associação Beneficente dos Moradores do Parque Universitário, no bairro Pici, em Fortaleza, e foi uma das primeiras pessoas a serem atendidas pelos arquitetos e engenheiros que vão avaliar a situação das casas para elaborar projetos de melhorias.
O escritório técnico de arquitetura e engenharia, inaugurado hoje (29), pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Ceará (IAB-CE) e pela Prefeitura de Fortaleza pretende dar assistência técnica às pessoas de baixa renda na hora de construir ou reformar a casa.
Há anos que dona Maria Elieuda quer fazer uma reforma na casa onde mora desde 1994. Atendida por um dos arquitetos do escritório, ela descreveu o ambiente como sendo pequeno, com pouca ventilação e baixa luminosidade, além de apresentar rachaduras severas. A vendedora procurou o escritório para falar do desejo de melhorar a estrutura, aumentando o pé-direito e deixando a casa preparada para a construção de um segundo pavimento.
“Meu marido foi quem começou a fazer a casa. Ele trabalhava como jardineiro e, quando recebia um dinheiro, comprava o material e construía um compartimento. Hoje a casa tem muitas rachaduras e uns pedreiros foram lá e disseram que precisava derrubar toda. Eu me interessei em vir aqui, porque quem entende vai dizer alguma coisa melhor.”
Com cerca de 10 mil moradores, a comunidade do Parque Universitário se formou a partir de uma área cedida pelo Governo do Estado para famílias de baixa renda. De acordo com o presidente da associação, Tiago Dutra Alves, na época, os lotes acabaram sendo invadidos, gerando um crescimento desordenado e diversos conflitos entre vizinhos.
“A pessoa vai pela linha do pedreiro, que diz: constrói assim. Aí depois está tudo errado. Tem pessoas que chegam aqui reclamando que o vizinho construiu a escada por cima da entrada da casa de outro. Aí a gente se pergunta o que fazer, não temos um norte. Queremos fazer com que as pessoas entendam quais são suas responsabilidades, disse o presidente da associação.
Para Tiago, essas responsabilidades também precisam ser compreendidas pelos pedreiros, para melhor executar os trabalhos. Ele conta que, antes de o projeto-piloto ser implantado, houve várias reuniões com a comunidade, inclusive com esses profissionais.
O escritório técnico de arquitetura e engenharia é um projeto-piloto desenvolvido pelo IAB-CE com base na chamada Lei de Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (lei federal nº 11.888, de 2008). Para o presidente da entidade, Antônio Custódio dos Santos Neto, o acesso à assistência técnica precisa se consolidar como direito.
“A gente vai começar pequeno, fazendo essas intervenções nas casas, para mostrar que é possível replicar e que, do mesmo jeito que temos o Programa Saúde da Família e creches para a infância, é possível ter um posto de atendimento técnico para a população.”
O escritório vai funcionar no bairro Pici, de forma experimental, durante 4 meses e pretende atender a cerca de 200 famílias. Após o cadastro dos interessados, os profissionais farão visitas nas residências para começar a elaborar os projetos.