Em 1920, Afrânio e Paraense foram os primeiros heróis olímpicos brasileiros
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Afrânio Antônio da Costa foi o primeiro esportista a ganhar uma medalha olímpica – de prata - para o Brasil, em 1920, nos Jogos de Antuérpia, na Bélgica, numa prova de tiro. Ele alcançou o feito um dia antes de Guilherme Paraense entrar para a história com a conquista da primeira medalha de ouro do Brasil, também no tiro, na mesma competição, mas em outra modalidade. Como atletas, os dois defenderam o Fluminense, no Rio de Janeiro.
Primeiros heróis olímpicos do Brasil, mas hoje quase esquecidos pelo esporte do país, os dois também foram vencedores na competição por equipes, o que lhes garantiu e ao time brasileiro a medalha de bronze de terceiro lugar, superando os Estados Unidos, cuja delegação havia emprestado as armas e as balas para eles competirem, pois os equipamentos dos brasileiros haviam sido roubados durante a acidentada viagem da equipe para a Bélgica.
Afrânio Costa somou 489 pontos na prova de pistola livre, distância de 50 metros, realizada no dia 2 de agosto de 1920, o que lhe valeu a medalha de prata. A arma era um Colt 22 emprestado pelos americanos e Afrânio terminou na frente de Alfred Lane (medalha de bronze), mas atrás do também americano Karl Frederick (medalha de ouro). Oito anos antes, com o mesmo Colt 22, Lane ganhara o ouro em Estocolmo.
Depois de encerrar a carreira de atleta, Afrânio Costa seguiu no esporte como dirigente e no Direito, como juiz, ministro do Tribunal Federal de Recursos e do Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Nasceu em Macaé (RJ), em14 de março de 1892, e faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1979.

Guilherme Paraense venceu na pistola rápida em Antuérpia, com um tiro certeiro na mosca, e deu ao Brasil o primeiro ouro olímpico
Natural de Belém do Pará e tenente do Exército formado na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, em Antuérpia Guilherme Paraense venceu a prova de pistola rápida, acertando um tiro na mosca na prova de desempate individual e conquistando a primeira medalha de ouro olímpica brasileira, em 3 de agosto de 1920, um dia depois de Afrânio Costa conquistar a prata na pistola livre, e foi bronze por equipe na prova de pistola livre. Ele somou 274 pontos, dois a mais do que o norte-americano Raymond Bracken, que ficou com a medalha de prata; e cinco a mais do que o suíço Fritz Zulauf, medalha de bronze.
Paraense e outros sete atletas do tiro brasileiro viajaram por conta própria para a Europa no navio Curvello e desceram em Lisboa, de onde seguiram de trem até a Bélgica, porque o navio não chegaria a Antuérpia a tempo de participarem das provas. Ao todo, foram 27 dias de viagem e em Bruxelas parte das armas e a munição da equipe foram roubadas.
Apesar dos contratempos, Paraense brilhou na prova de pistola rápida e garantiu a primeira medalha de ouro olímpica do Brasil. Na volta ao país, ele continuou a carreira esportiva como atleta do Fluminense, do Rio, e a carreira militar, até deixar o Exército, reformado em 1941 como tenente-coronel. Em 1968, morreu aos 83 anos, de enfarte, na cidade do Rio de Janeiro.
