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Rio inaugura obra para reduzir lançamento de esgoto na Baía de Guanabara

Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 15/04/2016 - 13:15
Rio de Janeiro

O governo do Rio de Janeiro inaugurou hoje (15) um sistema de coleta de esgoto lançado clandestinamente na rede de águas pluviais na região da Marina da Glória, na zona sul da cidade. A chamada galeria de cintura recolhe a água suja que é lançada na tubulação pluvial, em tempo seco, e evita que esse esgoto chegue à Baía de Guanabara.

Segundo a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), responsável pelo sistema, essa é uma das obras mais importantes da empresa visando aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, já que a Baía de Guanabara será palco das competições de vela.

Com a galeria de cintura, o esgoto clandestino que eventualmente era lançado nas galerias de águas pluviais será encaminhado pela elevatória Marina da Glória para o emissário submarino de Ipanema. Segundo o presidente da Cedae, Jorge Briard, já será possível perceber uma melhoria na qualidade da água da baía imediatamente.

Briard revelou que a obra ficou orçada em R$ 14 milhões. “Contando com a tubulação que tivemos que colocar, como também as obras de engenharia que servem para captar as águas fluviais, além dos painéis elétricos e outros materiais”, disse.

De acordo com o secretário-chefe da Casa Civil, Leonardo Espíndola, a obra adequou a Marina da Glória a um padrão de qualidade que assegurará a saúde e o bem-estar dos atletas que competirão ali.

“Dos seis pontos de realização das competições de iatismo durante a Rio 2016, a Marina da Glória era o único ponto que necessitava de uma obra de infraestrutura para deixá-la nos padrões internacionais de qualidade de água e de preservação da saúde dos atletas. Além disso, fica como um legado importantíssimo para a população, que passará a contar com um local ambientalmente preservado que contribui de maneira decisiva para a manutenção da qualidade de vida de quem utiliza a baía”.

O ambientalista Sérgio Ricardo não acredita que a olimpíada deixará qualquer legado ambiental. Segundo ele, outras obras ambientais ficaram pelo caminho, mostrando um descaso com o tema. “Não dá para considerar que exista um legado ambiental motivado pelos Jogos. Houve uma promessa do governo do estado ao Comitê Olímpico Internacional (COI) de despoluir 80% da Baía de Guanabara, o que até os ecologistas e pescadores alertaram na época que era completamente irreal, uma espécie de propaganda enganosa. Sem mencionar o saneamento da própria Marina da Glória, que era um compromisso anterior aos Jogos e que está completamente atrasado, jogado de lado”, alertou.

Ricardo frisou que a implantação da galeria de cintura não garante efetivamente o saneamento de outras águas da região. “A praia de Botafogo, as águas do Aterro do Flamengo e do centro da cidade continuarão em condições inadequadas. Claro que é uma obra bem-vinda, mas que não significa uma solução definitiva para o problema”, disse.