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Aliança latino-americana quer aumentar proteção radiológica de pacientes

Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 02/05/2016 - 13:38
Rio de Janeiro

Exames como raio-x e tomografia podem e devem emitir o mínimo possível de radiação. Para garantir esse cuidado, sociedades latino-americanas de radiologia se uniram para criar uma aliança de conscientização sobre a importância da dose adequada de radiação nesses equipamentos.

Denominada Latin Safe, a aliança foi oficializada nesse fim de semana, durante a Jornada Paulista de Radiologia, em São Paulo, e promove a partir de hoje (2) ações para garantir a proteção radiológica sem comprometer o diagnóstico seguro. Estudos indicam que a exposição à radiação por período prolongado é prejudicial à saúde.

O grupo criou uma página, com informações para a população e profissionais da área. Também estão previstas campanhas e ações integradas de conscientização sobre o tema com setores e entidades da radiologia.

Dosagem padrão

Um dos membros da Aliança, o presidente da Sociedade Chilena de Radiologia, Pablo Soffia, esclareceu que a preocupação radiológica com os pacientes é recente e ainda precisa ser reforçada. “Durante muito tempo, a maior preocupação estava centrada na proteção dos trabalhadores e médicos que trabalham com radiação. Há poucos anos pensava-se que os pacientes eram expostos poucas vezes na vida. Mas os pacientes estão fazendo cada vez mais exames”, disse Soffia.

Segundo ele, atualmente existe uma dosagem padrão, mas o foco é conscientizar as pessoas de que é possível baixar ainda mais a dose, mesmo que a imagem não seja perfeita. “Se baixamos muito a radiação, a imagem tem qualidade baixa. O segredo é lograr imagens que permitam o diagnóstico, com a menor dose possível. É possível fazer o mesmo diagnóstico com 30% a 50% menos radiação e é isso que buscamos”, acrescentou.

De acordo com o presidente da Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (SPR), Antônio Soares Souza, as crianças e jovens serão os mais beneficiados com o maior controle da radiação em exames.

Radiação

“Uma criança pequena, com volume corporal menor e com doença crônica, sendo submetida a múltiplas tomografias computadorizadas e com efeito cumulativo, terá risco maior de desenvolver uma complicação, eventualmente até uma neoplasia [tumor] ou um câncer do que um paciente mais velho, pois ela estará se expondo a essa radiação muito mais vezes e impacto maior da radiação.”

Conforme Antônio Souza, ainda existe no país um grande número de equipamentos e tecnologias antigos, que exigem esforço maior na garantia de níveis de radiação adequados nos exames diagnósticos. Por isso, a importância de se auxiliar radiologistas, biomédicos e tecnólogos na realização dos exames, com melhor custo benefício para os pacientes.

A iniciativa é pioneira na região, mas já existem similares nos Estados Unidos, Europa e Oceania. Souza adiantou que o órgão vai focar na conscientização sobre os males da radiação.

O especialista Donald Frush, da Image Gently [Alliance for Radiation Safety in Pediatric Imaging], informou que, desde a crianção da aliança, há dez anos, o nível de conscientização da comunidade médica e dos pacientes aumentou muito sobre a importância do controle de radiação nos exames, bem como de setores como planos de saúde, indústrias e agências governamentais.

“Conseguimos desenvolver um modelo, que está sendo aproveitado pelo Latinsafe, que tem contribuído para a melhora no uso dos equipamentos e para o desenvolvimento de radiofármacos mais apropriados para crianças”, destacou Frush.

Para Donald Frush, os benefícios dos equipamentos que usam radiação são imensuráveis, mas é importante se ter em vista que há poucos estudos sobre seus efeitos no longo prazo.

“Precisamos ser cautelosos na quantidade de radiação que usamos, pois a comunidade científica não sabe com precisão se há riscos na exposição a doses baixas de radiação. Então, por precaução o ideal é se expor o menos possível ao ambiente de radiação”, concluiu o especialista.