Uber: taxistas que agrediram família podem responder por tentativa de homicídio
Os taxistas acusados de agredir uma família que deixava o Aeroporto Internacional de Brasília na noite de ontem (31) podem responder por tentativa de homicídio, segundo o delegado Gustavo Farias Gomes, da 10ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal. As vítimas haviam chegado de viagem e deixavam o terminal 2 do aeroporto quando o veículo foi confundido por taxistas como sendo da empresa do aplicativo Uber. O grupo foi obrigado a parar o carro e um dos irmãos chegou a perder um dente durante as agressões.
O delegado disse que as agressões praticadas contra os quatro irmãos se classificam como contundentes e, caso configurem perigo de morte, podem agravar a pena dos envolvidos. “Eles acharam que o carro estava ali pegando passageiros na área externa do terminal”, disse Gomes à Agência Brasil. “Vamos investigar para ver o enquadramento legal do que aconteceu”.
A expectativa da Polícia Civil é que as quatro vítimas compareçam à delegacia para prestar depoimento ainda esta semana. Serão analisadas imagens de câmeras de segurança instaladas nos arredores do aeroporto. “Se for verificado que houve excesso, o caso pode sim ser enquadrado como tentativa de homicídio”, adiantou o delegado. “Esse embate entre taxistas e motoristas do Uber tem que ser tratado na Justiça e não no braço”.
Confusão anterior
Pouco antes da agressão à família, cerca de 60 taxistas se envolveram em outra confusão em um posto de gasolina também nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília. Durante o incidente, seis motoristas do Uber foram agredidos e tiveram os veículos danificados. Eles prestam depoimento nesta tarde na 10ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal.
Um dos motoristas do aplicativo, que preferiu não se identificar, mostrou à reportagem os estragos causados ao veículo, incluindo um para-brisa trincado, um vidro lateral danificado e um capô amassado. O prejuízo estimado é de R$ 10 mil. “No início, houve provocação, bate-boca. Depois, os taxistas desceram em bando, a pé. Um colega chegou a levar uma cadeirada nas costas. Só nos salvamos porque os donos de uma loja de conveniência nos acolheram e trancaram as portas”.
As vítimas foram encaminhadas ao Instituto Médico Legal e os veículos danificados vão passar por perícia no Instituto de Criminalística.
Sindicato
A presidente do Sindicato dos Taxistas do Distrito Federal, Maria do Bonfim, disse não compactuar com a violência e classificou o caso como lamentável. “Não compactuo e nem concordo com o fato. Havia muitas pessoas envolvidas e eu não consegui ver de onde partiram as agressões”.
Maria do Bonfim relatou que esteve no local para tentar conter os taxistas, mas teve que pedir apoio à polícia quando a confusão tomou grandes proporções. “Virou um grande tumulto, não dava para saber quem eram os motoristas do aplicativo e os taxistas. Fiquei preocupada, pois eram muitos homens. Tive que chamar a polícia e pedir ajuda, não conseguia conter as pessoas. Eu pedia calma e pedia para que não houvessem agressões”, disse.