Vendaval causa destruição e deixa cidade sem água e luz no interior de São Paulo
Um vendaval ocorrido na noite de ontem (5) deixou parte da cidade de Jarinu, na região de Atibaia, ao norte da Grande São Paulo, s0em água e luz, e a prefeitura estima que vai demorar quatro dias para restabelecer os serviços completamente. “Antes disso não vamos conseguir não. Foram muitos postes que caíram”, disse hoje (6) o prefeito Vicente Zacan (PSB-SP) sobre a situação no município.
O desabastecimento de água está ligado à interrupção no fornecimento de eletricidade, que paralisa o bombeamento. A tempestade destruiu residências e estabelecimentos comerciais. Árvores caíram por diversas partes da cidade. Uma pessoa morreu com o desabamento de um ponto de ônibus. O serviço de pronto-socorro municipal atendeu 50 pessoas feridas pela tempestade.
Até o início da tarde, a prefeitura estimava que 25 moradias e 50 imóveis comerciais haviam sido gravemente danificados pelos ventos, que chegaram a 130 quilômetros por hora. Com isso, o município decretou estado de emergência.
O prefeito fez, junto com o coordenador da Defesa Civil estadual, Coronel PM José Roberto Rodrigues de Oliveira, um sobrevoo para avaliar os estragos na cidade. Segundo o coronel, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo vai trazer geradores para reestabelecer a distribuição de água na cidade. “Nós estamos com carros-pipas para atender hospitais e escolas”, acrescentou.
Uma escola foi equipada para receber os desabrigados na Vila Primavera, um dos bairros mais afetados. “Nós pegamos uma escola aqui no Primavera, onde é mais crítica a situação, as pessoas são de baixa renda. Nós preparamos essa escola desde ontem, à meia-noite, e deixamos à disposição”, ressaltou o prefeito.
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Destruição
Morador dessa região, o caseiro José Soares, de 60 anos, teve a casa destruída pelos ventos. “Eu estava dentro da casa dormindo. De repente, foi uma coisa muito rápida, as telhas começaram a cair. Depois que caiu em cima de mim, para me proteger, eu entrei debaixo da cama”, conta José, que tinha investido, recentemente, em uma pequena reforma no imóvel. “Depois de uma meia hora que eu passei debaixo da cama, quando olhei, vi tudo caído”, conta sobre o estado da casa, que acabou sem telhado e com apenas três paredes de pé.
Poucos metros adiante, a chácara pela qual José era responsável também foi arrasada pela tempestade. O proprietário, Antonio de Asevedo, ainda não tinha conseguido contabilizar o tamanho do prejuízo. “Perdi dois carros. Os móveis estão todos encharcados”, enumerou. A casa do aposentado, de 67 anos, perdeu o telhado. O muro que separa o terreno da rua veio abaixo.
É de pelo menos R$ 1 milhão a estimativa do comerciante Agnaldo Candatem sobre as perdas na churrascaria que mantém em um posto de gasolina. O local foi um dos mais afetados pela tempestade. Todo o complexo comercial que atendia a motoristas e caminhoneiros foi destruído.
O restaurante de Agnaldo foi completamente destelhado e o prédio corre risco de desabar. “É algo que você vê na televisão, mas não pensa que vai acontecer com você. Foi e está sendo muito triste”, lamentou o empresário. No local trabalhavam, além dele e da esposa, 13 funcionários. “A gente conseguiu, no risco, tirar documentos e computadores, que tem todos os arquivos, e salvar alguns produtos perecíveis, entre ontem à noite e hoje de manhã”, contou Agnaldo.
Dois caminhões que estavam estacionados no posto foram tombados pelo vento. Segundo o motorista de uma das carretas, o veículo chegou a ser levantado no ar. “Esse caminhão pesa 18 toneladas. O vento sugou ele para cima. Ele voltou de pé. Mas na segunda vez que ergueu, ele caiu tombado”, conta Adejaime Antunes de Moraes que dormia na cabine do caminhão e foi acordado pelas trovoadas que antecederam a tempestade.
“Eu abri a cortina para ver o que estava acontecendo. O caminhão ficou na escuridão, no meio de estilhaço de todo tipo”, disse o motorista. “Segundo ele, o para-brisa foi arrancado. Nem aqui estão os estilhaços, sumiram”, acrescenta Adejaime, que sofreu apenas ferimentos leves. “Pelo acontecimento, não foi nada”, minimizou.
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